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Nos três últimos meses, as buscas pelo termo “Melzinho do Amor” no Google tiveram uma alta repentina. O termo teve seu auge na época da morte de Mc Kevin, que afirmou ja ter usado a substância. Cidades como Camboriú, São José, Lages, Itapema e Itajaí lideram as pesquisas na internet relacionando o melzinho a termos como prazer e efeito colateral. Mas o que os que buscam delírios sexuais na pandemia nem imaginam é que o efeito prometido pode não acontecer.
A propaganda promete efeitos similares aos de um medicamento conhecido, que é usado para disfunção erétil: o Viagra. Porém, o remédio descoberto há 22 anos é considerado seguro e eficaz para a finalidade prometida. Viagra é o nome comercial dado à substância sildenafil.
Diferente do Melzinho, ele tem aprovação da Anvisa para a venda e consumo. Desde 2018 no Reino Unido é possível comprar o medicamento sem prescrição médica. No Brasil é necessário apresentar o documento.
Já no Melzinho, as contraindicações variam de acordo com os vendedores. Contudo, é comum a recomendação para que grávidas, doentes renais e crianças não consumam.
Membro do Grupo de Estudo de Produtos Naturais e Sintéticos da UFSC, Maique explica que não há comprovação científica de que a mistura de canela, mel e caviar é capaz de causar o mesmo efeito do Viagra.
— É um risco fazer uma mistureba de coisas nada a ver, com apelo natureba, e colocar junto essa substância [sildenafil]. O que é extremamente perigoso nesse caso específico porque existem muitos casos de senhores de idade que usaram [o Viagra] e acabaram tendo problemas de infarto, pois ele tem um efeito secundário no sistema cardiovascular — afirma.
O Melzinho é tema de funk, como na música “Gordinho Bololô”, do MC Ryan. Lançada no dia 12 de março, a canção já soma mais de 2 milhões de visualizações no Youtube. Ela cita o produto em trecho do refrão: “Lá só tem chefuxo preparado pro caô, bem trajado e com melzinho”.
O órgão diz ainda que alimentos não podem ser publicizados como indicados para aumento da libido. Como promete resultados com fins terapêuticos, ele necessita de uma regulamentação como medicamento. O que não aconteceu.
Em paralelo ao dossiê, duas resoluções foram publicadas pelo órgão no Diário Oficial. No dia 27 de maio aconteceu a proibição da produção, comercialização, publicidade e compra do Melzinho da marca Vital Honey. Já no dia 7 de junho, a marca Power Honey sofreu a mesma sanção.
— Desconhecemos toda a sua composição e também os fabricantes desses produtos são totalmente desconhecidos o que dificulta e muito a fiscalização.Orientamos que não se consuma nenhum produto com qualquer tipo de indicação sem que o mesmo não tenha registro.
— Existe muito mito de que o natural não faz mal e não é bem assim — diz.
— A pessoa às vezes tem alguma coisa sexualmente mal resolvida ou alguma baixa autoestima e oferecem pra ela essa mistura de coisas nada a ver. O caviar e canela mais que lembram a virilidade, a potência. Ela já vai esperar que aquele efeito vai ser causado nela, né? O placebo é isso, é a expectativa da cura, que é muito comum no ser humano — pontua.