Mas afinal, o que é a linguagem neutra?
— A variação linguística é diferente da gramática normativa, que é o uso mais padrão da língua. Ela se aplica principalmente na escrita e na linguagem falada durante o dia a dia, englobando os tipos mais informais —, salienta a professora.
— Existem duas maneiras: na primeira seria usar em substantivos, por exemplo, o x como uma marcação alternativa. A segunda é sobre o pronome, que é uma discussão que nem todo mundo concorda. Uma sugestão é a introdução do 'elu' e do 'deli', que seria uma ideia de pronome neutro —, pontua.
De autoria do vereador Kaká Fernandes (Podemos), a lei, caso aprovada, proibiria este tipo de linguagem na grade curricular e no material didático das instituições de ensino públicas ou privadas, assim como em editais de concursos públicos. Ou seja, uma proposta bem similar ao decreto aprovado pelo Estado.
Outro projeto parecido também foi apresentado na Câmara de Vereadores de Joinville. No texto, de autoria do vereador Willian Tonezi (Patriota), ele diz que seria um ‘absurdo utilizar tais pronomes, artigos e terminações inexistentes em nossos documentos oficiais, no ensino público e na alfabetização das crianças’.
Já o segundo projeto é de autoria do deputado Junio Amaral (PSL-MG) e é semelhante ao aprovado em Santa Catarina: ele veda expressamente às instituições de ensino e bancas examinadoras de concursos públicos a usarem a flexão de gênero e número das palavras. Ambos os projetos continuam aguardando o parecer das comissões.
— Não é um erro gramatical porque não está na gramática, mas sim [a linguagem neutra] é uma variação linguística. A língua não é resumida a gramática, ela é só uma parte dela, que está em constante evolução. Se você quer proibir a linguagem neutra, porque não está na gramática, então você tem que proibir o uso de gírias e sotaques também —, defende a professora.
— Se a gente está considerando documento oficial, dai sim. Mas se for revisar você percebe que tem inúmeros erros gramaticais. Então como que vai lidar com isso? Vai se cobrar uma revisão ortográfica, para que eles estejam 100% com a norma padrão? Como que vai se ter o controle, para que não tenha nenhum erro? —, questiona.
A decisão passou a valer na terça-feira (15) e engloba todas as insituições de ensino de Santa Catarina, seja ela pública ou privada. Órgãos ligados a administração pública estadual também não devem usar esse tipo de linguagem nos documentos oficiais.
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação alegou que seu objetivo é prezar pela qualidade da educação, propiciando o "respeito à inclusão e à diversidade, ressaltando a norma culta e gramatical da língua portuguesa".