A pesquisa, liderada pelo Hospital Clínic de Barcelona, foi realizada a partir de uma meta-análise de outros 192 estudos que incluem 708.561 pacientes para determinar a idade em que os diferentes transtornos mentais costumam ser declarados. De acordo com o estudo, a idade média em que a ansiedade social aparece é aos 13 anos, a anorexia aos 17 e a depressão, aos 30. Os 17 transtornos analisados aparecem antes dos 35 anos, em média. A idade média é aquela em que 50% dos casos aparecem antes dessa idade, e a outra metade, depois.
Joaquim Raduà, chefe do grupo de pesquisa do Institut d'Investigacions Biomèdiques August Pi i Sunyer (Idibaps), afirma que o ideal seria otimizar a prevenção para evitar o aparecimento de distúrbios ou mesmo um agravamento.
Existem diversos fatores de risco para os transtornos mentais, segundo a psicóloga clínica e psicoterapeuta Neus García:
Raduà cita questões sociais, como “maus tratos” ou pertencimento a “grupos étnicos minoritários”, que podem gerar “discriminação”.
García garante que os primeiros anos de vida são a chave para reduzir estes riscos:
Silvia Picón, especialista em trauma emocional, aponta um conceito específico: “segurança emocional”.
Raduà destaca a importância de oferecer um programa preventivo "na idade específica" em que cada transtorno se inicia para que a prevenção seja eficaz.
— O suporte emocional é o maior fator de prevenção.
— Investir na primeira infância é salvar o sofrimento de indivíduos e famílias, construir uma sociedade mais tolerante e, com isso, melhorar a qualidade de vida das pessoas.
— É importante encontrar o remédio rapidamente, mas depende de cada patologia. Os casos de autismo são mais difíceis de tratar. Os desequilíbrios alimentares custam caro, mas dão certo, e as fobias, por exemplo, têm melhor solução — especifica a psicóloga.
— A partir dos 18 anos, os jovens são encaminhados para outros centros, e muitos já não continuam com o apoio porque a mudança os incomoda — avisa Raduà.
— Há muito tempo acreditamos que o corte de 18 anos é obsoleto. Não reflete a realidade da clínica de adolescentes e jovens adultos — lamenta.
— Há mais visibilidade da saúde mental. A pandemia o catalisou. Há mais consciência do sofrimento mental e da necessidade de pedir ajuda — comemora.