Colocado em pauta na terça-feira (14) pela presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, Carla Zambelli (PSL), o projeto de lei que autoriza a caça esportiva no Brasil sob o pretexto de controlar a população de javalis tem assinatura catarinense. A proposta é do deputado suplente Nilson Stainsack (PP), ex-prefeito de Presidente Getúlio, que assumiu vaga no Congresso entre setembro e dezembro do ano passado.

O texto do projeto é criticado por especialistas porque é vago e deixa diversas lacunas. Não esclarece, por exemplo, que espécies podem ser caçadas, e em que locais. A proposta beneficia diretamente caçadores e atiradores esportivos, os CACs – uma parte importante da base de apoio do governo Bolsonaro.

Durante a tarde, a inclusão do projeto na lista de discussões provocou bate-boca entre os deputados. A oposição chegou a classificar a pauta do dia como “pauta do fim do mundo”, e a deputada Carla Zambelli disse que foi ameaçada de morte por ter colocado o tema em votação. A sessão acabou suspensa para uma tentativa de acordo.

Esta não é a primeira proposta para regularizar a caça no Brasil que sai de SC. O ex-deputado federal catarinense Valdir Colatto propôs reativar a caça de animais silvestres no país na legislatura anterior, para o arrepio das entidades ambientais. A ideia original criava, por exemplo, reservas de caça – locais onde os caçadores poderiam atuar livremente, com ressalva para animais da lista vermelha de animais em extinção.

O projeto foi arquivado quando o deputado deixou o cargo, mas foi ressuscitado pelo deputado Alexandre Leite (DEM-SP), e voltou a tramitar. Valdir Colatto é atualmente diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, nomeado pelo governo Bolsonaro.