Autoridades deveriam desestimular ambientes e ocasiões com potencial de super disseminação (Foto: Prefeitura de Balneário Camboriú/Divulgação)
Autoridades da saúde, prefeitos e especialistas concordam que a explosão de casos de Covid-19 em Santa Catarina neste início de janeiro tem relação com as festas de fim de ano. Foi a concentração de pessoas na temporada de verão, principalmente em espaços fechados, que espalhou o vírus e lotou ambulatórios. Apesar disso, as casas noturnas do Estado funcionam normalmente — ao contrário de eventos organizados pelo poder público.
Municípios como Florianópolis e Balneário Camboriú cancelaram desde já o Carnaval, Pomerode suspendeu a Festa Pomerana, Blumenau desistiu da Sommerfest. Mas nas principais cidades do Estado o fim de semana terá jovens enclausurados em festas. Bares e casas de eventos, do litoral e do interior, anunciam programação normal sem qualquer objeção das autoridades.
As infrações apontadas pela prefeitura de Florianópolis na promoção de um show que reuniu 20 mil pessoas, no fim de dezembro, são comuns na noite. Não existe balada em que os frequentadores mantenham metros de distância entre si e permaneçam de máscara o tempo todo. Tem música alta, as pessoas aproximam-se para conversar, bebem regularmente. Por mais comprometido com a saúde que seja o empreendedor, é impossível controlar o comportamento de dezenas, centenas e até milhares num mesmo espaço.
Este será apenas o segundo fim de semana de janeiro. A temporada de verão está longe de terminar. Se o objetivo comum é reduzir o contágio, ambientes e ocasiões de super disseminação têm de ser desestimulados pelo poder público. Do jeito que está, administra-se uma crise de saúde pública como se fosse questão de foro individual: “Quem não quer, não vai”. Mas quem vai pode infectar quem não foi.
O cenário que provocou milhares de casos simultâneos em toda Santa Catarina está para repetir-se nas próximas noites. Governo e prefeituras não poderão fingir surpresa com as consequências.
