Conflito - 01/10/2024 16:23

Irã dispara 200 mísseis contra Israel, que promete reação

Teerã diz que ataque foi uma resposta a morte de chefes do Hezbollah no Líbano. Segundo Israel, sistema de defesa barrou maior parte dos mísseis.
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O Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos em direção a Israel nesta terça-feira (1º), segundo as Forças Armadas israelenses. O Irã também confirmou o envio, que culmina a escalada de tensões entre Israel e o Hezbollah nas duas últimas semanas.

A maior parte dos mísseis atingiu Tel Aviv, onde uma série de explosões foi registrada. A população teve de se abrigar em bunkers e abrigos por mais de uma hora, e o espaço aéreo chegou a ficar totalmente fechado, mas foi reaberto após o ataque.

A ofensiva foi a primeira resposta do Irã desde a escalada nos conflitos entre Israel e o Hezbollah — o grupo extremista, embora atue no Líbano, é financiado pelo regime iraniano.

Segundo o governo, duas pessoas ficaram feridas sem gravidade, e não houve registro de prédios ou residências atingidos. Mas um atentado que ocorreu no mesmo momento nos arredores de Tel Aviv deixou oito mortos.

Em apenas 12 minutos, os mísseis iranianos atravessram os céus de pelo menos dois outros países do Oriente Médio e chegaram em Israel por volta das 18h30 no horário local (13h30 pelo horário de Brasília).

Imagens de Tel Aviv mostraram dezenas de mísseis cruzando o céu de Tel Aviv e de Jerusalém.

Cerca de 20 minutos após uma primeira onda de mísseis, uma segunda leva de artefatos foi lançada, segundo a agência estatal iraniana. Parte dos artefatos foi abatida pelo Domo de Ferro, um dos poderosos sistemas antimísseis israelenses.

A imprensa iraniana afirmou que a Universidade de Tel Aviv foi atingida.

A agência de notícias estatal iraniana Irna afirmou que alguns mísseis atingiram também atingiram locais controlados por Israel na Cisjordânia. Além de Israel, Jordânia e Iraque também fecharam seus espaços aéreos, posteriormente reabertos.

O governo do Irã afirmou que o ataque foi uma retaliação ao assassinato dos chefes do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do Hamas, Ismail Haniyeh, e à invasão do Exército israelense ao Líbano, na segunda-feira (31). Teerã disse que vai retaliar qualquer novo ataque israelense.

Teerã disse ainda que, após o envio de mísseis, o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei — autoridade máxima do Irã — foi colocado em um local protegido e a salvo.

O porta-voz do Exército israelense disse que o ataque foi "sério" e que "haverá consequências". Mais tarde, as Forças Armadas do país afirmaram que, ainda na noite desta terça, farão um "ataque poderoso no Oriente Médio", segundo a imprensa israelense.

Após a ofensiva iraniana, o presidente dos EUA, Joe Biden, ordenou que os militares dos Estados Unidos ajudem na defesa de Israel, disse o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

O Irã e Israel são os principais rivais no Oriente Médio, e a tensão entre os dois países aumentou após o início da guerra na Faixa de Gaza — o Hamas, assim como o Hezbollah, é financiado pelo regime iraniano.

Praticamente ao mesmo tempo em que os mísseis foram lançados, um atentado a tiros ocorreu em Jaffa, pequena cidade nos arredores de Tel Aviv. Segundo o site de notícias israelense Ynet, dois terroristas desceram do metrô e abriram fogo contra várias pessoas na Avenida Yerushalayim.

Oito pessoas morreram no ataque — dois suspeitos de serem os autores do ataque e seis moradores de Jaffa — segundo Israel.

Mais cedo, a Casa Branca havia afirmado que o Irã preparava um ataque a Israel com mísseis balísticos e afirmou que um ataque teria "consequências severas". Washington ainda não havia se manifestado sobre o ataque do Irã até a última atualização desta reportagem.

Esta não foi a primeira ofensiva do Irã contra Israel, mas foi a mais forte até agora. Em abril, forças iranianas lançaram 300 drones e mísseis contra o território israelenses em retaliação a um bombardeio ao Consulado do Irã em Damasco, na Síria, que causou a morte de um comandante do Exército iraniano.

Na ofensiva de abril, os drones e mísseis causaram diversas explosões nos arredores de Jerusalém, mas também não houve vítimas.

Um dia antes da ofensiva iraniana, Israel na segunda-feira (31) lançou uma ofensiva terrestre no Líbano mirando alvos específicos do Hezbollah.

A invasão ocorre após mais de uma semana em que Israel vem bombardeando diferentes regiões do Líbano, inclusive a capital, Beirute, em uma ação que marcou um novo conflito na guerra do Oriente Médio.

Há quase um ano, Israel luta também contra o Hamas na Faixa de Gaza, desde que o grupo terrorista invadiu o sul do país, matou 1.200 pessoas e sequestrou outras centenas.

O Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel desde outubro de 2023, em apoio ao Hamas — ambos os grupos são financiados pelo Irã.

A tensão na região escalou nos últimos dias, com bombardeios de Israel contra alvos do Hezbollah em vários pontos do Líbano, incluindo a capital Beirute. Um dos ataques provocou a morte do chefe do grupo extremista, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27).

Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante do grupo extremista foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.

Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:

1. Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.

2. A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.

3. Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando "uma nova fase na guerra".

4. Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.

5. Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.

6. Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. Cerca de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.

7. Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah por meio de um bombardeio em Beirute.

8. Em 31 de outubro, as Forças de Defesa de Israel anunciaram que militares estavam se preparando para uma possível operação terrestre no Líbano. Bombardeios aéreos executados pelos israelenses seriam indícios de uma preparação de terreno.

Fonte: G1
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