Um possível surto de sarampo, como o que ocorreu em todo o Brasil em 2019, preocupa infectologistas e epidemiologistas. Dois novos casos confirmados em São Paulo e as baixas taxas nacionais de cobertura vacinal registradas nos dois últimos anos acendem alerta.
Apesar de ainda não ter registrado casos de sarampo neste ano, segundo dados desta segunda-feira (18), Santa Catarina teve em 2020 e 2021 as taxas de cobertura vacinal mais baixas dos últimos anos, conforme a Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina).
O temor é que, com a retomada das atividades após o arrefecimento da pandemia, a doença volte a se proliferar como no ano de 2019. Na época o Brasil registrou 18.203 casos confirmados e 15 mortes, segundo o Ministério da Saúde. Por conta disso, o país perdeu o certificado de erradicação da doença, que fora concedido em 2016 pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).
Vacinação segue baixa em 2022
A imunização é a única forma de conter a doença. Dados do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) demonstram que, em todo o Brasil, pouco mais de 49% da população tinha as duas doses do imunizante contra o sarampo em 2022. O número considerado ideal é 90% da população.
Doença adormecida
Foram 304 casos em 2019 e 105 casos em 2020. Nos quatro anos anteriores não foram notificados casos da doença. Somando os casos registrados entre os anos de 98 e 2018, são apenas 92 casos em Santa Catarina.
Ao Portal R7, Juarez Cunha, presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), afirma que a situação passou a falsa ideia de que o surto de sarampo estava resolvido.
“Os números diminuíram em decorrência das medidas não farmacológicas adotadas para a Covid-19, porque o sarampo também se transmite de forma respiratória, mas nós continuamos com um surto no país. Ainda tínhamos casos em São Paulo e Amapá, mesmo durante a pandemia. A tendência é que esse quadro aumente agora”, alerta o pediatra.
A grande preocupação no cenário de baixa vacinação acontece devido à alta taxa de transmissibilidade da doença. Em uma população suscetível, cada caso confirmado pode transmitir a infecção para, no mínimo, 12 pessoas e, no máximo, 18.
“Ela é considerada uma das doenças mais transmissíveis. Então, em um ambiente em que estiver alguém com sarampo junto de não vacinados ou que não tiveram sarampo, a tendência é essa pessoa infectar todos que estão ali. Ela tem uma transmissibilidade de até 18 vezes”, ressalta o presidente da SBIm.
Porém, é importante lembrar que o sarampo segue sendo umas principais causas de morte de crianças nos países menos desenvolvidos, apesar de existir uma vacina segura desde 1963.