A menina de 11 anos que foi impedida de realizar um aborto após ser estuprada deixou o abrigo onde estava acolhida há mais de um mês, no final da tarde desta terça-feira (21), após determinação da Justiça de Santa Catarina.
A advogada diz que a Vara Criminal de Tijucas, a pedido da promotoria do município, havia solicitado a interrupção assistida da gravidez, ou seja, que fosse realizado o parto na tentativa de salvaguardar a vida do feto.
Ela ressalta que quanto maior o prolongamento da gravidez, maior o risco à vida da criança. O Código Penal Brasileiro permite o aborto em caso de violência sexual, sem impor qualquer limitação de semanas da gravidez e sem exigir autorização judicial.
O MPF (Ministério Público Federal) investiga a unidade de saúde de Florianópolis que se negou a realizar o aborto na menina após ela ter sofrido um estupro.
A equipe médica, porém, se recusou a realizar o aborto, alegando que o procedimento só é feito sem autorização judicial até a vigésima semana.
Conselho Federal e OAB-SC cobram apuração de condutas
Os ofícios são dirigidos aos presidentes do CNJ, ministro Luiz Fux, e do CNMP, o procurador-geral da República, Augusto Aras.
A OAB Nacional e a OAB-SC solicitam, no documento enviado ao CNJ, a transformação em resolução da Recomendação 94/21 para obrigar os tribunais a gravarem em vídeo todos os atos processuais públicos, como audiências judiciais e sessões de julgamento.
As entidades propõem ainda que o CNMP adote a mesma resolução, para também garantir a gravação de tomadas de depoimentos. A adoção de resolução, ao invés de recomendação, tornará obrigatório o cumprimento da norma.
Os ofícios são assinados pelo presidente nacional da OAB, Beto Simonetti; pelo vice-presidente nacional da OAB, Rafael Horn; pela presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, Sílvia de Souza; pela presidente da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Rebeca Sodré de Melo da Fonseca Figueiredo; e pela presidente da OAB-SC, Cláudia Prudêncio.
O caso da menina, que aconteceu em Tijucas, ganhou repercussão nacional e gerou impactos após reportagem publicada nesta segunda pelo Portal Catarinas em parceria com o Intercept Brasil.
A Corregedoria-geral do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) também instaurou um procedimento para apurar a conduta da promotora Mirela Dutra Alberton, lotada na 2ª Promotoria de Justiça do município de Tijucas;