O estudo chamado “Intervenções físicas para interromper ou reduzir a propagação de vírus respiratórios” analisou os resultados de 78 pesquisas feitas em várias partes do mundo, antes e durante a pandemia, para determinar a eficácia real do uso de máscaras e da higiene das mãos para deter a transmissão dessas doenças.
Segundo eles, “o uso de máscara pode fazer pouca ou nenhuma diferença em quantas pessoas contraíram uma doença semelhante à gripe ou à Covid-19; e provavelmente faz pouca ou nenhuma diferença em quantas pessoas têm gripe ou Covid-19 confirmada por um teste de laboratório”.
Os cientistas disseram que nem mesmo as máscaras cirúrgicas N95 funcionam a contento para impedir a disseminação dos vírus.
Já a higienização das mãos teve efeito comprovado para evitar a disseminação de vírus. “Seguir um programa de higiene das mãos pode reduzir o número de pessoas que contraem uma doença respiratória ou semelhante à gripe, ou têm gripe confirmada, em comparação com pessoas que não seguem esse programa”, disseram os epidemiologistas.
A CNN Brasil conversou com o médico infectologista da Fiocruz e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Julio Croda, que afirmou que “a revisão da Cochrane apesar da metodologia correta, não é a melhor forma de responder se as máscaras funcionam como medida de saúde pública”.
Croda afirma que os próprios autores do estudo “deixam claro que na maioria dos ensaios clínicos analisados não houve um desenho adequado, com falha de acompanhamento e falta de importantes informações como a qualidade das máscaras, tempo de uso, adesão e utilização correta em adultos e crianças”.
Uma boa parte da polêmica foi criada por artigo do jornalista norte-americano Bret Stephens publicado no jornal The New York Times. O jornalista, um conservador que já questionou no passado as mudanças climáticas mas que mudou de ideia depois de uma viagem à Groenlândia, declarou que o estudo comprovaria que as máscaras simplesmente não ajudam em nada na tentativa de deter a Covid-19.
“Aqueles céticos que foram furiosamente ridicularizados como excêntricos e ocasionalmente censurados como ‘desinformadores’ (por serem contra as máscaras) estavam certos. Os principais especialistas que apoiaram (as máscaras) estavam errados. Em um mundo melhor, caberia a este último grupo reconhecer seu erro, juntamente com seus consideráveis custos físicos, psicológicos, pedagógicos e políticos”, escreveu Stephens.