Congresso Mundial de Cardiolog - 01/03/2023 06:04

Homens que nunca se casaram têm duas vezes mais chances de morrer de insuficiência cardíaca

Estudo comparou indivíduos solteiros ao longo da vida com mulheres de qualquer estado civil e outros homens casados
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Um estudo apresentado no Congresso Mundial de Cardiologia trouxe uma boa novidade aos homens casados: o matrimônio pode colaborar com o coração – literalmente. Para os solteiros, no entanto, o prognóstico não é tão positivo, já que evitar o casamento aumenta em duas vezes as chances de morrer em cinco anos por insuficiência cardíaca. 

A pesquisa trouxe evidências de que o sexo e o estado civil podem exercer influência direta no risco de doenças cardíacas. 

Um estudo publicado na Brazilian Medical Students Journal apontou que, no Brasil, a insuficiência cardíaca é responsável por uma elevada taxa de internações e óbitos, que gera um alto custo ao sistema público.

De 2015 a 2020, foram registrados 1.212.249 internações e 134.703 óbitos pela condição.

Vale ressaltar que a insuficiência cardíaca acontece quando o músculo do coração fica muito fraco ou rígido para bombear o sangue ao restante do corpo.  

"Existe uma relação entre o status de relacionamento de uma pessoa e seu prognóstico clínico [com insuficiência cardíaca], e é importante descobrir por que isso ocorre", disse Katarina Leyba, médica da Universidade do Colorado e principal autora do estudo, em comunicado.

Os cientistas usaram dados de outra pesquisa, intitulada Estudo Multiétnico de Arterosclerose, com 6.800 adultos americanos entre 45 e 84 anos. Dentre o total, eles analisaram 94 voluntários com insuficiência cardíaca.

A investigação avaliou o tempo que essas pessoas permaneceram vivas após o diagnóstico de insuficiência, considerando o gênero e estado civil de cada. Como, naturalmente, a taxa de mortalidade da condição é maior entre os idosos, o estudo também separou esses dois critérios de outros fatores de risco mais conhecidos, como a depressão, por exemplo.

Os resultados indicaram que homens que nunca se casaram tinham duas vezes – 2,2, mais precisamente – chances de morrer de insuficiência cardíaca dentro de, em média, cinco anos após o diagnóstico, quando comparados a mulheres de qualquer estado civil e homens casados. 

Quando os solteiros ao longo da vida foram comparados com homens viúvos, divorciados ou separados, esse risco não aumentou. Para as mulheres, o estado civil não desempenhou papel significativo.

A possível explicação para a colaboração do matrimônio à saúde é o apoio mútuo. Além da clara influência benéfica que a interação social desempenha no humor e no bem-estar em um geral, ter alguém para atuar como cuidador, por exemplo, acompanhando diretamente a sua saúde, observando se está tomando corretamente os medicamentos e levando para consultas médicas, faz toda diferença.

Conviver com outras distinções, como comportamentos de saúde, dieta, exercício e consumo de álcool, também exerce influência. 

Esses fatores podem mudar de pessoa para pessoa, mas estar com alguém que conhece as suas limitações e que esteja ciente da situação geral, pode ajudar no momento de traçar estratégias mais assertivas para o cuidado com a saúde. 

"Como médicos, precisamos pensar em nossos pacientes não apenas em termos de fatores de risco médicos, mas também no contexto de suas vidas", ponderou Leyba.

Ainda não há cura para a insuficiência cardíaca, porém medicamentos, alterações na dieta e a prática de atividade física podem melhorar a qualidade de vida do indivíduo.

Por se tratar de uma condição crônica, ela deve ser monitorada de perto e gerenciada pelo resto da vida, com medições diárias de peso (um aumento repentino pode significar acúmulo de líquido), por exemplo. 

Os cientistas recomendam que os profissionais de saúde conversem com seus pacientes para entender como as relações pessoais podem afetar o seu tratamento.

"Como nossa população está envelhecendo e vivendo mais, é imperativo determinar a melhor forma de apoiar a população durante o processo de envelhecimento, e isso pode não ser tão fácil quanto tomar uma pílula. Precisamos adotar uma abordagem personalizada e holística para apoiar os pacientes, especialmente com um processo de doença crônica como insuficiência cardíaca", finaliza a pesquisadora. 

Fonte: R7
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