ECONOMIA - 23/03/2023 23:22 (atualizado em 24/03/2023 08:10)

Bolsa cai mais de 2% e fecha no menor patamar em 8 meses após reação de Lula aos juros

Na quarta, o Copom (Comitê de Política Monetária) divulgou a manutenção da Selic em 13,75% ao an
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A Bolsa brasileira encerrou esta quinta-feira (23) no menor patamar desde julho de 2022, com o mercado revisando suas projeções para os juros após o Banco Central (BC) não abrir caminho para um corte da taxa, como se esperava. Apesar de ter começado o dia em alta, a tendência se inverteu e clima piorou com as críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à autoridade monetária.

Na quarta, o Copom (Comitê de Política Monetária) divulgou a manutenção da Selic em 13,75% ao ano. A decisão já era esperada pelo mercado, mas a postura dura do comunicado, ressaltando inclusive a possibilidade de voltar a subir os juros, caso as condições econômicas se deteriorem, surpreendeu analistas.

A atuação do BC vem sendo alvo de ataques do governo Lula, que pressiona por uma redução da Selic. Após a decisão desta quarta, o presidente voltou à carga e disse nesta quinta-feira que a "história julgará" as decisões da autoridade monetária.

— Como presidente da República não posso ficar criticando cada relatório do Copom. Eles que paguem o preço do que estão fazendo. A história julgará cada um de nós — disse Lula.

O presidente defendeu ainda que o Senado adote medidas para que o presidente do BC, Roberto Campos Neto — a quem Lula já chamou de "esse cidadão" —, se preocupe com o emprego e a renda no país:

— Quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indicou. Ele não foi eleito pelo povo, nem pelo presidente. Ele foi indicado pelo Senado. Se esse cidadão quiser, ele não precisa nem conversar comigo. Ele só tem que cumprir a lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele precisa cuidar da política monetária, mas também do emprego, inflação e da renda do povo.

Questionado se Campos Neto estava cumprindo esse papel, Lula respondeu:

— Não está fazendo. Todo mundo sabe que ele não está fazendo. Se estivesse fazendo, não estava reclamando. Eu sou bobo de reclamar?

Na véspera, logo após a divulgação do comunicado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), também havia criticado a decisão do Copom, considerada por ele "muito preocupante".

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, afirma que as críticas ao BC contribuem para o comportamento dos investidores nesta quinta. "Acabem gerando um mal-estar no mercado".

O Ibovespa fechou em baixa de 2,28%, a 97.926 pontos, pior marca desde 18 de julho do ano passado. Na mínima do dia, o índice chegou a bater em 96.996 pontos. O dólar comercial à vista encerrou o dia com alta de 0,996%, a R$ 5,288.

No mercado de juros, as taxas fecharam em alta. No vencimento para janeiro de 2024, a taxa avançou de 13,02% no fechamento desta quarta-feira (22) para 13,20%. Para janeiro de 2025, a taxa subiu de 12,05% para 12,12%. No vencimento em janeiro de 2027, os juros passaram de 12,31% para 12,36%.

— Na minha visão, o BC foi na contramão das expectativas de agentes de mercado mais otimistas, que esperavam um tom mais leve e até mesmo uma eventual antecipação de corte de juros para o curto prazo — afirma Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.

Para Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, o BC sinaliza que manterá a sua política enquanto a inflação estiver em patamares acima da meta.

— Por ora, mantemos nossa projeção de estabilidade da Selic em 13,75% até o final do ano. Reconhecemos, entretanto, a possibilidade de cortes mais cedo, a depender da evolução dos choques financeiros e da evolução da economia brasileira — afirma a economista da Rico.

Raone Costa, economista-chefe da Alphatree, afirma que os modelos do BC mostram que a inflação deve se manter acima da meta até o terceiro trimestre de 2024.

— A única chance de corte de juros seria uma deterioração da economia global, por conta da crise do sistema financeiro. No momento, não é o cenário mais provável. O comunicado do BC aumenta inclusive a chance de novas altas nos juros — diz Costa.
Para a equipe de análise da Levante Investimentos, a falta de uma perspectiva clara para a inflação é um ponto de atenção para o BC.

— Ao tratar das projeções do mercado para os preços, o BC trocou 'se distanciando da meta' por 'desancoradas em relação às metas'. Ou seja, o BC admitiu que o mercado perdeu clareza na formação futura de preços. Isso torna mais difícil fazer com que a inflação convirja em direção à meta — diz a Levante.

Nicola Tingas, economista chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito Financiamento e Investimento) tem uma visão diferente sobre o futuro da trajetória da Selic.

— Meu cenário básico é de queda dos juros na reunião de maio ou na de junho. O BC admite que pode revisar e fazer ajustes na política monetária se houver mudanças no ambiente. Estamos vendo uma inadimplência crescente no crédito, e as empresas não conseguem ter acesso ao mercado de capitais. O BC deve estar atento a isso — diz Tingas.

Em Nova York, os índices de ações oscilaram bastante, ainda pelas preocupações com o sistema financeiro americano. Mas com uma recuperação na parte final do pregão, os mercados fecharam em alta, com destaque para as empresas de tecnologia.

O índice Dow Jones fechou em alta de 0,0,23%. O S&P 500 subiu 0,30%, e o Nasdaq fechou o dia com avanço de 1,01%.

Entre as ações listadas no Ibovespa, poucas fecharam em alta. A maior queda ficou com o papel ordinário do Magazine Luiza, com recuo superior a 13%.

— Enquanto os juros permanecerem altos, teremos performances ruins dentro do setor de varejo. Principalmente para as empresas mais endividadas, que assumem um custo de dívida extremamente alto — afirma Lucas Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital.

Fonte: NSC
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