Os recursos serão empregados na expansão no sistema de transmissão, que será realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Estão planejados cerca de 14 mil km de novas linhas de transmissão — aumento de 8% na extensão total de linhas do país — e 13 novas subestações.
A maioria desse investimento será no Nordeste, com o objetivo de aproveitar o potencial de geração de energia renovável presente na região (eólica e solar), escoando o excedente dessa produção para os consumidores do Sudeste e do Centro-Oeste.
Atualmente, a capacidade do sistema elétrico brasileiro é de 211 GigaWatts (GW). Esse total considera toda a capacidade acumulada disponível para a geração de eletricidade no Brasil. Na prática, trata-se de quanta energia o país conseguiria gerar.
Complexo na Paraíba
Em março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi à Paraíba para participar do lançamento do Complexo Renovável Neoenergia. O início das obras ocorreu em 2019, e o parque está em plena operação desde o início de 2022. O evento inaugurou a entrada da operação associada das usinas solar com as eólicas do complexo, pioneira no país nesse tipo de associação.
O complexo tem mais de 15 parques eólicos, 136 aerogeradores (gerador elétrico integrado ao eixo de um cata-vento), com capacidade de 621 MegaWatts de potência instalada, sendo 471 MegaWatts de fonte eólica e 150, solar. Essa energia gerada consegue iluminar, em média, mais de um milhão de domicílios. Considerando somente a carga residencial, estima-se que possa atender um estado como Sergipe.
O governo argumenta que, além de desenvolver socialmente a região, o complexo será um agente de descarbonização do país, com previsão de redução de 125,5 mil toneladas de dióxido de carbono lançadas na atmosfera por ano. O país tem meta de reduzir as emissões de carbono em 50% até 2030.
Nessa quinta-feira (6), a diretoria-executiva da Petrobras aprovou a criação da Diretoria de Transição Energética e Energias Renováveis. A medida faz parte de uma proposta de ajuste organizacional que precisa ser aprovada pelo conselho de administração da empresa, ainda sem data.
A nova diretoria ficará responsável pelas atividades de descarbonização, mudanças climáticas, novas tecnologias e sustentabilidade e incorporará as iniciativas comerciais de gás natural. A área será comandada pelo engenheiro de produção Maurício Tolmasquim, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que participou da última transição entre os governos.
Embora os investimentos em tecnologias como parques solares, eólicos e baterias avançadas gerem empregos, a transição também deve causar perda de vagas e de receitas fiscais na produção de combustíveis fósseis, diz o relatório intitulado "Sem dor, sem ganho: as consequências econômicas da aceleração da transição energética".
Os benefícios de limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau Celsius, conforme recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), podem elevar o PIB global em 1,6% em 2050, segundo o relatório. Mas as ações necessárias para estimular a transição para evitar que as temperaturas ultrapassem esse nível podem cortar 3,6% do PIB em 2050, resultando em um impacto de 2%, de acordo com o documento.
Paralelo à disposição do governo federal sobre a transição energética, há a retomada das obras da usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro. A construção da usina teve início em 1984 e sofreu diversas interrupções por restrições econômicas. Em 2015, quando registrava 65% de progresso, foi paralisada pela última vez em decorrência de denúncias de desvios de recursos.
Em 2021, os investimentos totais para concluir a usina foram estimados em R$ 15 bilhões. Nenhum empreendimento em construção na época no Brasil, em qualquer setor da infraestrutura, tem um custo que supere o de Angra 3. A usina nuclear é, de longe, a construção mais cara do país.
Hoje, o Brasil tem apenas duas usinas nucleares em operação, Angra 1 e 2, que somam cerca de 1,9 GigaWatts de potência. No dia em que Angra 3 entrar em operação, em 2026, vai somar 1,4 GW extra de geração por fissão nuclear, chegando a um total de 3,3 GW.
Com essa potência reunida, as três usinas responderão por apenas 1,5% da capacidade total de entrega de energia do país. Se considerado o fato de que, anualmente, cada vez mais usinas de outras fontes entram em operação, essa fatia tende a encolher.