Com a queda nas temperaturas no outono, e o inverno daqui a pouco dando as caras, é essencial ter bons hábitos de modo a se manter saudável durante o frio, quando as pessoas ficam mais suscetíveis a terem problemas por agentes causadores de doenças. Neste contexto, prestar atenção na alimentação é crucial para a imunidade, mas tendo em mente que ela sozinha não fará todo o trabalho da correta manutenção do corpo.
A professora do curso de Nutrição da Universidade Feevale, Claudia Denicol Winter, ressalta que o ser humano naturalmente tem mecanismos de proteção, e a população acaba se esquecendo de um órgão fundamental nos esforços de conservar a saúde: o intestino. "Ele concentra em torno de 80% da imunidade do corpo e tem uma barreira que contém células de proteção, e dependendo de como é a alimentação, ela se tornará mais ou menos permeável a agentes danosos", aponta.
Prejudicam bastante a saúde do intestino, por exemplo, alimentos ultraprocessados (guloseimas, refrigerantes, sorvetes, energéticos, marracão e molho instantâneo, salgadinhos, salshicha, embutidos), o consumo de bebida alcoólica e cigarro, além de um estilo de vida sedentário. Este conjunto torna o órgão mais propenso à penetração de bactérias ruins. "Todos os alimentos que a gente ingere vão passar pelo intestino, e o ideal é que ele funcione em equilíbrio", lembra.
Diferentes alimentos e vitaminas ajudam na imunidade
Para aumentar a imunidade, o foco na alimentação deve estar em produtos frescos, anti-inflamatórios e antioxidantes, que ajudarão a diminuir o quadro de inflamação fisiológico já natural do corpo. "É importante consumir insumos contendo vitamina A, C, D, E, K e do complexo B, bem como alguns minerais, como zinco, selênio, cromo e magnésio. Todos eles trarão uma proteção às células", aponta.
Com vitamina A, a especialista recomenda a gema do ovo, carne e leite desnatado, vegetais mais escuros (brócolis, rúcula, couve) e frutas com cores mais alaranjadas (mamão, manga, caju). Já a D pode se preenchida, além da alimentação, com a própria luz solar.
Mais conhecida da população, a vitamina C ajudará na imunidade com frutas cítricas, como limão, laranja e bergamota. Elas devem ser consumidas preferencialmente frias, sem processamento. A mesma lógica se atribui aos vegetais, que não devem ser muito cozidos, pois vão acabar perdendo as concentrações vitamínicas.
Confira outros alimentos indicados para a imunidade:
cereais integrais;
castanhas;
amêndoas;
feijões;
vegetais amarelos;
peixes;
açafrão, anis estrelado e pimenta do reino.
Combinação
No dia a dia da alimentação, não é preciso consumir somente um alimento ou outro no auxílo da imunidade. Para potencializar os efeitos, a dica é unir mais de um produto. Winter recomenda o uso de ervas antioxidantes na comida ou na salada, como orégano e manjericão.
A água de vegetais cozinhados (lembre-se, não por muito tempo), pode ser reutilizada no preparo de arroz ou feijão. Uma receita bastante efetiva, conforme a especialista, é um shake com semente de chia, pera ou maçã, suco de limão, água de coco, salsinha e hortelã. "Todos esses alimentos podem ser liquidificados juntos, formando um ótimo tonificante e antioxidante também", destaca.
O própolis, resina produzida pelas abelhas usando a seiva das árvores, é um forte aliado para manter a imunidade. Ele pode ser utilizado diariamente misturando com água e limão. "É importante a pessoas saberem que o própolis ajuda bastante no combate às doenças respiratórias", enfatiza.
Adaptação
No frio, os alimentos quentes, por vezes bem calóricos e cheios de açúcar, ganham maior protagonismo. Winter indica que as pessoas procurem pela adaptação. "No chocolate quente, ao invés do achocolotado, dá para usar cacau. O leite integral pode ser substituído pelo desnatado. Para adoçar, dá para fazer uso do extrato de baunilha", explica.
Não é necessário fazer uma mudança drástica, pois o segredo é ir adaptando aos poucos o paladar. No café, uma boa opção é o do tipo descafeinado e pode ser adicionado nele um pouco de canela, provocando um efeito termogênico. Ainda para esquentar o corpo, ao invés de sopas industrializadas, pode ser preparado um caldo de legumes com abóbora, folhas de manjericão e salsinha. "Dá pra adicionar um ovo picado também ou um frango desfiado. Vai ser uma alimentação quente e nutritiva", aponta.
O perigo acaba ficando no excesso, sendo necessário o balanceamento. "A pessoa vai lá e come um fondue de chocolate em um dia, depois no outro um de queijo, de carne, aí não dá, pois a densidade calórica será muito grande", expressa.
Somente cuidar da alimentação não basta
Só cuidar da alimentação não será o bastante para permanecer saudável no frio ou em qualquer estação. É importante também se hidratar e ter uma rotina de exercícios, evitando o sedentarismo. Um problema muito frequente no frio é o fato de as pessoas acabarem deixando a academia de lado. Para contornar o impasse, a nutricionista indica os exercícios em casa.
Além disso, é importante sempre ficar atento às debilitações e procurar um médico para ver o que está acontecendo, unindo este cuidado a um acompanhamento de profissional da área da nutrição. "A pessoa que está doente, em um processo inflamatório, a gente tem que fazer uma certa reestruturação nessa alimentação que começa desde o seu café da manhã até os seus hábitos diários", salienta.