O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez nesta segunda-feira, 1º de maio, novas críticas à taxa de juros no País que, segundo ele, é responsável, em parte, "pela situação que vivemos hoje", em referência ao desemprego. A crítica faz parte dos embates que perduram há meses entre o governo federal e o Banco Central, sob comando de Roberto Campos Neto.
"Não podemos viver em um País onde a taxa de juros não controla a inflação. Ela controla, na verdade, o desemprego, porque ela é responsável por uma parte da situação que vivemos hoje", declarou o presidente da República, em ato do Dia do Trabalhador no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.
Lula esteve acompanhado dos ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, da Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, das Mulheres, Cida Gonçalves, e da presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann.
Estava prevista também a presença do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, mas ela não se confirmou.
No discurso, Lula agradeceu às centrais sindicais por terem dado a ele novo mandato para "consertar o País". De acordo com ele, a missão de sua nova gestão é mostrar que o Brasil pode voltar a sorrir. "O povo não vai permanecer vítima do ódio", disse. "Não podemos viver em um País em que a escola e o emprego não são levados a sério."
As críticas à taxa de juros tiveram forte espaço no ato. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, afirmou que "a partir de amanhã (terça-feira), o movimento sindical estará em luta permanente pela redução da taxa de juros no País".
Assim como outras lideranças, ele elogiou as medidas de Lula e seus 100 primeiros dias de governo.
Motoristas de aplicativos
O presidente voltou a afirmar que fará mais em seu terceiro mandato, até 2026, do que fez em seus dois primeiros mandatos. "O sucesso do meu governo de 2003 a 2010 devo à solidariedade e ao apoio do povo trabalhador deste País. Estamos nos primeiros quatro meses de governo e eu quero provar que nesses próximos quatro anos, vamos fazer muito mais do que eu fiz", disse.
E complementou: "Vamos mudar este País porque a economia vai voltar a crescer e gerar mais empregos. Vou fazer por compromisso com as pessoas que ralam o dia inteiro. Vou fazer mais que em meus primeiros mandatos por compromisso ao povo trabalhador."
Entre as medidas prometidas, além de destacar o aumento real do salário mínimo, anunciado no domingo, Lula voltou a citar o retorno da farmácia popular e o aumento de médicos especialistas na saúde básica.
"Nós vamos garantir que as pessoas pobres desse País tenham direito ao especialista para não morrer com uma receita na cabeceira da cama", disse o presidente da República.
Lula mencionou também a necessidade de seguridade social aos motoristas de aplicativos. "Se ele quiser continuar trabalhando no aplicativo, ele pode continuar mas queremos que a pessoa que trabalhe no aplicativo tenha cobertura de seguridade social", defendeu junto às lideranças sindicais presentes no ato.
Estudo para isenção do IR da PLR dos trabalhadores
O presidente Lula afirmou ainda nesta segunda-feira que o governo estuda isentar da cobrança do Imposto de Renda a participação nos lucros paga aos trabalhadores. Segundo Lula, o assunto está sendo analisado pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ele chamou de "absurdo" o pagamento de imposto sobre a PLR.
"Se o patrão não paga imposto de renda sobre lucro e dividendo, porque os trabalhadores têm que pagar imposto no PLR? Estamos estudando, quem sabe para o próximo ano. O trabalhador não pode pagar imposto de renda sobre a participação dele no lucro da empresa", reclamou o presidente durante discurso no ato unificado das centrais sindicais.
Lula afirmou que o fim da cobrança do imposto foi um pedido das centrais em reunião com ele e com Haddad.