Diante do aumento dos casos de dengue em Santa Catarina, o Ministério da Saúde (MS) irá fazer um repasse no valor de R$ 1 milhão para a Secretaria de Estado da Saúde (SES) intensificar as ações de prevenção e combate à doença nos municípios catarinenses.
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Apesar do governo catarinense ainda aguardar o documento de orientações do MS sobre como usar o recurso repassado, algumas medidas já foram usadas antes e poderão ser reforçadas pelo Estado, como a capacitação de vigilantes e aplicadores de inseticidas; elaboração de campanhas de comunicação; processamento de amostras para diagnóstico da doença, apoio técnicos das Gerências Regionais de Saúde às equipes municipais, entre outros.
O alerta para combater a dengue é necessário, visto que dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC) do Estado indicam que 21 pessoas já morreram contaminadas pelo vírus este ano.
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Publicada no Diário Oficial da União em 12 de abril, a verba encaminhada pelo Fundo Nacional de Saúde se soma aos diversos recursos já disponibilizados pelo Governo catarinense para combater a presença do mosquito Aedes Aegypti.
Além das campanhas de divulgação e conscientização da doença, orientando sobre cuidados, prevenções e tratamentos, a SES tem realizado a publicação de informes epidemiológicos semanais, dando maior transparência aos casos; a capacitação dos agentes de combate para atividades de vigilância e controle vetorial; reuniões frequentes com os núcleos hospitalares de Vigilância Epidemiológicas dos Hospitais da Grande Florianópolis; distribuição de inseticidas para bloqueio de transmissão e aplicação residual em pontos estratégicos, entre outras ações.
João Augusto Brancher Fuck, diretor da Dive-SC, comentou sobre a importância do aporte para a elaboração de estratégias de enfrentamento ao vírus.
— Esses incentivos financeiros fortalecem as ações de combate à doença, por exemplo, na assistência da rede municipal, com ampliação do horário de atendimento nas unidades básicas de saúde, inclusive com abertura dos postos nos finais de semana e feriados — destacou.
Para Brancher, é importante a união de esforços entre poder público e sociedade no combate a esse problema de saúde.
— Além das ações do governo e de instituições envolvidas, todos precisam cuidar e vistoriar sua casa, quintal e ambiente de trabalho ao menos uma vez por semana. Outras medidas também auxiliam no enfrentamento à dengue, como uso de inseticidas (com planejamento), manejo clínico adequado dos pacientes, fiscalizações, entre outros — concluiu o diretor.
Santa Catarina já havia disponibilizado R$ 10 milhões de auxílio financeiro para os municípios que decretaram situação de emergência por conta da doença. Desse total, quase R$ 9 milhões já foram solicitados e empregados em ações como a ampliação do horário de atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e prontos atendimentos do estado, dando maior celeridade ao tratamento de pessoas infectadas e a diminuição do risco de contaminação. Atualmente, as UBS de Santa Catarina não possuem horários padronizados de funcionamento.
Além de Florianópolis, receberam esse auxílio as prefeituras de Joinville, Coronel Freitas, Saudades, Palhoça, São José, Biguaçu, São João Batista, Garuva, Navegantes e Barra Velha.
O repasse de R$ 1 milhão do Ministério da Saúde também será encaminhado para os Estados de Espírito Santo, Minas Gerais e Tocantins.
Cenário da Dengue em SC
Para acontecer a transmissão das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, o mosquito precisa estar infectado pelo vírus. Em Santa Catarina, a transmissão da dengue já acontece de forma sustentada em 91 municípios. Ou seja, além da presença do mosquito, nessas cidades há a circulação do vírus da dengue.
De acordo com a Dive, no período de 01 de janeiro a 24 de abril de 2023, foram notificados 76.557 casos suspeitos de dengue no estado. Na comparação com o mesmo período de 2022, quando foram notificados 59.222 casos suspeitos da doença, é possível observar um aumento de 29% no número de notificações.
As notificações acontecem toda vez que um paciente procura por atendimento em um serviço de saúde e o profissional suspeita que o diagnóstico pode ser dengue, mesmo que essa hipótese seja descartada depois. Uma das causas para esse aumento das notificações pode ser a maior procura pelo atendimento e uma maior conscientização da população.
Até a última atualização, em 24 de abril, Santa Catarina possuía 19.502 casos confirmados de dengue neste ano, sendo a grande maioria, 15.010, contraídos dentro do próprio estado. A situação epidemiológica é ainda pior se incluídos os 21 óbitos já registrados pela doença e outros 15 que ainda estão em análise.
Segundo a Dive, em 2023, foram identificados apenas 8 casos de chikungunya e nenhum de zika vírus em Santa Catarina.