Rochele Prá opera mulher no Imperial Hospital de Caridade na última segunda-feira (15) (Foto: Divulgação)
A cirurgiã do aparelho digestivo e bariátrica, Rochele Barcelos Prá, entrou feliz em uma sala de cirurgia do Imperial Hospital de Caridade de Florianópolis na última segunda-feira (15). O entusiasmo era para manusear um braço mecânico em uma paciente de 56 anos que sentia dores abdominais, extrair a vesícula dela — que estava com pedras — e, com muito cuidado, ligar estruturas fisiológicas da região.
A médica não sabia ainda, mas assim que ligou o último ponto, se tornou a primeira mulher a realizar uma cirurgia robótica, uma colecistectomia, em Santa Catarina e a décima no Brasil. A satisfação de realizar um procedimento inédito para si, pronto se tornou um orgulho em ser pioneira de uma técnica que pretende revolucionar a medicina.
— Fico bem feliz por não só estar entre as primeiras mulheres brasileiras, mas por estar entre os primeiros cirurgiões a fazer esse tipo de cirurgia. Fiquei surpresa com a informação de não ter outras mulheres no estado. Claro que fico contente, mas quero que outras possam ter essa oportunidade. Temos muitas cirurgiãs fazendo coisas incríveis aqui — conta Rochele.
O robô trouxe, segundo ela, muitas melhorias, como visão 3D e pinças, além de permitir que os médicos possam trabalhar em uma posição ergonômica mais confortável. Mas, para a médica, a principal mudança foi a humana.
— A cirurgia robótica já existia em São Paulo, o que fazia com que muitos catarinenses fossem até lá para serem operados. Quando é longe assim, é difícil fazer com que se estabeleça um vínculo empático entre médico e paciente. Agora podemos fazer isso aqui — comemora.
Rochele e o robô britânico Versus contaram com a ajuda de uma equipe especializada em robótica, com técnicos de enfermagem, instrumentadoras, enfermeiras, engenheiro, anestesista e os cirurgiões assistentes.
Essa não é, de fato, a primeira vez que a médica faz essa cirurgia, no entanto, foi a que atuou como cirugiã principal. Antes, auxiliou o colega Luiz Henrique, operou protótipos e utilizou simuladores.
— Era como um videogame. Tive que jogar muito videogame! — brinca.
Além disso, precisou frequentar aulas, algumas à distância, outras no centro de treinamento.