Golpistas estão cada vez mais empenhados em confundir vítimas para roubar dinheiro e estudam formas complexas para isso, inclusive usando IA (inteligência artificial).
O novo golpe consiste na manipulação da voz por meio de programas que imitam respiração, pausas e tom de fala, gerando frases que são enviadas por áudio ou ligação para pessoas que possam reconhecer os sons, como amigos e familiares. O objetivo é enganar e extorquir.
Esse foi o caso do pai do influenciador Dario Centurione, que publica vídeos com dicas e curiosidades nas redes sociais. Após receber uma ligação que supostamente seria do filho pedindo dinheiro, o homem de 71 anos fez um Pix de R$ 600 para o golpista.
O pai de Dario só se deu conta que havia caído em um golpe quando conversou de fato com o filho, que disse que não tinha pedido dinheiro.
Como funciona?
Os softwares, alimentados por inteligência artificial, conseguem imitar vozes e reproduzi-las de maneira fiel, usando poucos minutos de áudios reais. "Há programas que, com apenas 3 segundos, conseguem criar uma identidade, mas não são capazes de captar alguns aspectos da voz, vícios de linguagem e pequenas sutilezas. Para ser algo extremamente fidedigno, esses programas pedem de 10 a 15 minutos", ele conta.
Após a ferramenta assimilar a voz original, tudo o que o golpista precisa fazer é escrever uma frase como: "Você pode fazer um pix de R$ 600 para mim?". Então, o programa se encarrega de gerar a voz artificial que pode enganar as vítimas.
Golpes com inteligência artificial
O advogado afirma que a utilização indevida ou ilícita da inteligência artificial é um cenário inevitável. "Os criminosos se aproveitam da criação de tecnologias para desenvolver novos golpes. A manipulação de áudios não é algo novo para a IA, mas agora tem sido usada por pessoas mal-intencionadas, que conseguem deixar as vozes cada vez mais próximas do real para enganar e roubar", disse.
Quanto mais ferramentas disponíveis, mais golpes vão surgir. E os que já existem vão evoluir. Na visão de Igreja, as armadilhas que utilizam inteligência artificial são "extremamente preocupantes", uma vez que a tecnologia está sendo usada para roubar a privacidade, a segurança e a identidade de uma pessoa. "A partir do momento em que alguém rouba isso, tudo fica frágil", falou.
Como se proteger?
Após o pai ter caído no golpe da voz, Dario conta que a família criou uma palavra-chave e agora se sente mais segura. "Eu percebi que, assim como o meu pai, minha mãe e outros familiares também poderiam acreditar no golpe. Por isso, escolhemos uma palavra para usar nesses casos e estamos mais atentos".
Outra opção é realizar uma videochamada antes de efetuar qualquer tipo de transação. No entanto, o advogado Luiz Augusto alerta que logo este método pode ficar obsoleto, uma vez que a inteligência artificial também já é capaz de manipular imagens. "É um processo que exige tempo e profissionais experientes, mas se ainda não está do alcance dos golpistas, em breve vai estar", disse.
Caí no golpe! E agora?
Caso você seja vítima de um golpe, existem atitudes que podem ser tomadas. A Febraban orienta que o cliente notifique imediatamente seu banco. Assim, medidas adicionais de segurança serão adotadas, como bloqueio do aplicativo e da senha de acesso.
Há também a possibilidade do banco recuperar o dinheiro junto ao destino. "Sobre ressarcimento, informamos que cada instituição financeira tem sua própria política de análise e devolução, baseada em pesquisas individuais, considerando as evidências apresentadas pelos clientes e informações das transações realizadas", explicou o órgão.