A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de janeiro, que investiga os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, retomou os trabalhos nesta terça-feira (1º).
Para a sessão desta terça está previsto o depoimento de Saulo Moura da Cunha, ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Cunha ocupava o cargo de diretor da agência no dia 8 de janeiro, quando ocorreu a depredação de prédios públicos na Praça dos Três Poderes. Ele deixou o cargo no início de março.
A convocação de Cunha foi solicitada por cinco parlamentares: delegado Ramagem (PL-RJ), Izalci Lucas (PSDB-DF), Marco Feliciano (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Magno Malta (PL-ES). Os deputados e senadores argumentam que Cunha pode fornecer informações importantes sobre o papel da Abin nos atos golpistas
Em junho, a CPI já ouviu o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar (DOP) do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime. Ele afirmou que Abin havia alertado aos órgãos de inteligência sobre o risco de ataques, mas o núcleo de inteligência do DOP não teve acesso a esses alertas.
A CPI também já ouviu o empresário George Washington Sousa – que está preso acusado de ter colocado uma bomba em um caminhão próximo ao Aeroporto JK, em Brasília, em 24 de dezembro do ano passado –; o diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro; e os peritos da Polícia Civil do DF Renato Carrijo e Valdir Pires Filho, que fizeram exames nas proximidades do aeroporto e no caminhão.
A comissão também ouviu o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques sobre blitze feitas em rodovias federais no dia do segundo turno das eleições, principalmente na região Nordeste, onde está a maior parte dos eleitores de Lula.
O coronel Jean Lawand Júnior também depôs na CPI. Ele teve que explicar mensagens trocadas com o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando Lawand pedia que Cid convencesse o então presidente a tentar a realização de um golpe de Estado.
O militar negou que as mensagens quisessem incitar um golpe de estado e afirmou que elas tinham apenas o objetivo de pedir que Bolsonaro tentasse apaziguar os ânimos de quem estava descontente com o resultado das eleições.
Na sequência, a comissão convocou Mauro Cid, mas ele acatou orientação de sua defesa e não respondeu às perguntas dos parlamentares, usando habeas corpus concedido pela ministra Cármen Lúcia. Ele foi acusado de "abuso de direito ao silêncio" pelos parlamentares da comissão. O militar está preso desde maio, acusado de fraudar cartões de vacinação.
A CPI do 8 de Janeiro é presidida pelo deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA) e tem como relatora a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O colegiado é composto por 16 senadores e 16 deputados.