Júri Popular - 10/08/2023 13:49

Massacre em Saudades: réu se nega a acompanhar debate no 2° dia de júri

O julgamento do massacre em Saudades ocorre em Pinhalzinho. Nessa quinta-feira são apresentadas as argumentações das partes
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O réu, acusado do massacre em Saudades, no Oeste de Santa Catarina, se negou a acompanhar a argumentação da acusação do júri na manhã desta quinta-feira (10). Ele chegou no Fórum de Pinhalzinho/SC por volta das 8h e está em uma sala separada.

O julgamento do massacre em Saudades ocorre em Pinhalzinho. 

O júri iniciou por volta das 9h e deve se estender ao longo do dia. O trabalho iniciou com a explanação da acusação e, em seguida, da defesa. Cada parte teve uma hora e meia para apresentar suas argumentações.

O réu retornou ao plenário para acompanhar a explanação da defesa, momento em que o advogado do acusado passou a fazer a argumentação.

Atuam na acusação, os promotores de justiça Bruno Poerschke Vieira, Douglas Dellazari, Fabrício Nunes e Julio André Locatelli, com assistência do advogado Luiz Geraldo Gomes dos Santos. Na defesa está o advogado Demetryus Eugenio Grapiglia.

As ruas que circundam o fórum seguem fechadas, sob forte esquema de segurança, até o final do julgamento.

Primeiro dia de júri:

O primeiro dia de júri contou com uma amanhecer chuvoso. Mesmo com o tempo instável, uma fila se formou em frente ao fórum. Entre eles estavam interessados em acompanhar a sessão, familiares e amigos das vítimas.

Um grupo de pessoas expôs faixas em frente ao local do júri em manifestação, com pedidos de justiça e paz. Alguns grupos também utilizaram camisetas confeccionadas para a ocasião.

Conforme o TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), depois da formação do conselho de sentença – composto por seis mulheres e um homem, por sorteio -, foram ouvidas três vítimas do ocorrido.

Na sequência teve início a oitiva de testemunhas de acusação, sendo duas presencialmente e uma online. A defesa ouviu duas testemunhas de maneira remota e outra presencial. Foram dispensadas três vítimas, cinco testemunhas de acusação e uma de defesa.

Outro ponto forte e muito aguardado foi o interrogatório do réu. Porém, o acusado exerceu o direito de permanecer em silêncio.

O WH3 assim como outros veículos de comunicação não irá publicar fotos do rosto do assassino, tampouco destacar o nome dele ao longo da cobertura. Também não irá mostrar o rosto das vítimas. A decisão editorial foi feita em respeito às famílias e ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), além de não compactuar com o protagonismo de criminosos.

Massacre em Saudades

O pacato município de Saudades, distante a 42 km de Chapecó, nunca mais foi o mesmo depois do fatídico 4 de maio de 2021, quando a creche Pró-Infância Aquarela foi alvo do ataque brutal de um jovem de 18 anos.

Armado com uma espécie de espada, o rapaz invadiu a escola de educação infantil e matou três bebês, com idades até 1 ano e 9 meses, uma agente educacional, de 20 anos, e uma professora, de 30. A chacina completou dois anos em maio de 2023 e teve repercussão internacional.

Conforme a Polícia Civil, o jovem — que morava na cidade — dirigiu-se de bicicleta à creche, localizada na área urbana do município. Ao entrar no local, começou a atacar a professora que, embora ferida, correu para uma sala onde estavam quatro crianças e uma funcionária da escola, na tentativa de alertar sobre o perigo.

O rapaz atacou, então, as crianças que estavam na sala e a funcionária. Duas meninas de menos de dois anos e a professora que sofreu o ataque inicial, morreram no local. Outra criança e a funcionária morreram depois no hospital.
Após a chacina, o jovem deu golpes contra si e foi internado. O acusado teve a prisão preventiva decretada no dia 5 de maio de 2021, um dia após o crime, e responde processo por cinco homicídios qualificados, por motivo torpe, cruel e em ação que impossibilitou a defesa das vítimas.

Além disso, é réu por 14 tentativas de homicídio. Ele recebeu alta no dia 12 de maio e foi levado ao Presídio em Chapecó, onde permaneceu preso até a data do júri. Segundo a investigação da Polícia Civil, o jovem planejou o crime e tinha consciência do que estava fazendo quando invadiu a creche.

O delegado Jerônimo Marçal Ferreira, responsável pela investigação do caso, informou, à época da chacina, que o acusado confessou o crime. Marçal ainda disse que a agente educacional e a professora foram heroínas ao impedir que o jovem fosse para outras salas, conseguindo com êxito, mesmo que feridas, evitar o pior.

Durante a investigação, que contou até com o apoio da Embaixada dos Estados Unidos, mais de 20 pessoas foram ouvidas, tendo o próprio acusado prestado depoimento no dia 10 de maio, enquanto ainda estava internado, sob custódia policial, no Hospital Regional do Oeste, em Chapecó. A polícia também apreendeu aparelhos eletrônicos e dispositivos pertencentes ao jovem.

No dia 14 de maio de 2021, os delegados realizaram uma coletiva de imprensa após o fim do inquérito, detalhando, entre outras coisas, que o jovem teria escolhido a creche pela fragilidade das vítimas, que tinha plena consciência do que fez e que foi um crime premeditado durante 10 meses.

Os relatórios dos dados e das informações encontradas nos aparelhos eletrônicos do réu demonstram que, durante o período em que planejou o ataque, ele participou de fóruns de discussão na internet sobre crimes violentos e pesquisou serial killers.

Exame de insanidade mental foi negado

A defesa do acusado pediu exame de insanidade mental, mas a Justiça negou três pedidos nos dias 25 de maio, 23 de junho e 7 de julho de 2021.

No dia 5 de agosto, durante uma audiência online, o juiz decidiu ouvir o jovem presencialmente. No dia 24 do mesmo mês, durante a oitiva do acusado, o advogado de defesa apresentou um laudo particular e o juiz Caio Lemgruber Taborda deferiu o pedido para a realização do exame de insanidade mental, o qual foi realizado pela Polícia Científica de Blumenau.

O laudo foi concluído no dia 19 de outubro de 2021 e o juiz solicitou mais detalhes ao perito. A partir disso, o juiz decidiu no dia 2 de fevereiro de 2022 que a questão da insanidade mental será definida no júri.

No dia 7 de fevereiro a defesa questionou em primeira instância a decisão e pediu um novo exame de insanidade mental. O pedido foi negado. Em 1º de maio a defesa entrou com novo recurso pedindo um novo laudo, a Justiça negou a solicitação no dia 28 de junho.

No dia 11 de outubro, o juiz decidiu que o caso iria para juro popular no dia 9 de agosto.


Fonte: ND+
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