Segundo as investigações, as armas vinham de países da Europa e entravam no Brasil pelo Paraguai.
Segundo a PF, Fhillip só gostava de armas de alto calibre. Em uma de suas negociações, ele recusa, por exemplo, um revólver de 308. "A questão não é preço, até se você quisesse me dar essa pistola, aqui no Rio, a gente não usa mais esse calibre", diz. "Tem que ser 9, 40, 45!", completa.
No Alemão, o "Professor" tinha uma vida muito confortável. Ali, ele montou uma estrutura de ostentação e chegou a receber uma equipe médica para fazer lipoaspiração, implante de cabelo e clareamento dos dentes. Em trocas de mensagens, o criminoso brasileiro revelou que não sai do Alemão há três anos.
Investigação durou 3 anos
A investigação durou três anos e se iniciou a partir da apreensão de pistolas e fuzis na Bahia. A PF estima que, de 2020 até aqui, o esquema de Diego Hernan Dirísio tenha movimentado R$ 1 bilhão.
A empresa de Dirísio fazia vendas legais de armas no Paraguai. As compras eram feitas usando a própria empresa dele que, até então, era legalizada no Paraguai.
"Além disso, ele era provedor do estado Paraguaio. Tinha ganhado várias licitações e comprado equipamento para o exército e para a polícia. Era uma empresa que tinha todos os papéis, todos os requisitos para funcionar legalmente", disse um porta-voz do Ministério Público do Paraguai, que trabalhou em conjunto com a PF brasileira.
"Ele era visto como um grande empresário, mas, na realidade, estava fomentando o mercado ilícito de armas de fogo na América do Sul. Ele dominava o mercado ilegal de arma de fogo e criou uma estrutura criminosa que viabilizou um derrame de milhares de armas de fogo no mercado ilícito para facções criminosas no Brasil", disse Flávio Albergaria, delegado da PF.
O armamento entrava primeiro no país vizinho com autorização da Dimabel, órgão de fiscalização de armas no Paraguai, chefiado por militares. Trocas de mensagens mostram que, desde 2020, Dirísio corrompia oficiais de alta patente com presentes de aniversário.
"Muito obrigado pelo presente. Estou muito contente", disse um coronel. Em outra mensagem, Dirísio combina a entrada de equipamento direto com Jorge Antonio Orue, chefe da Dimabel e que chegou a comandar a Força Aérea do Paraguai.
Em comum, tanto o vendedor de armar como seu maior cliente no Brasil, o "Professor", gostavam de uma vida de luxo sustentada pela violência.