O reajuste mediano dos salários negociados por sindicatos em convenções e acordos coletivos em 2023 foi de 5,5%, o que representa um ganho aos trabalhadores de mais de 1 pp (ponto percentual) acima da inflação. No ano, 78,2% das negociações previram aumentos salariais reais.
Os números consideram a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que foi de 3,71% no ano passado. Os dados são do Salariômetro de janeiro de 2024, levantamento realizado pela Fipe (Fundação Instituto Econômico de Pesquisas) e divulgado nesta terça-feira (23).
Em segundo lugar na lista dos maiores aumentos medianos está a agropecuária (1,17 pp). O setor de serviços aparece em terceiro, com 1% de reajuste mediano acima da inflação.
O levantamento mostra que a região com maior aumento acima da inflação foi o Centro-Oeste, com ganho mediano de 1,07 pp nos salários. No Norte, que teve menos reajuste, a mediana ficou em 0,53 pp.
Em um mapeamento por estado, o Amapá foi o que teve maior reajuste mediano acima do INPC: 1,67 pp. Na lanterna, está Roraima, com aumento salarial médio de 0,07 pp.
"No Amapá, foram muito poucas negociações. É uma economia pouco diversificada. Então o indicador é puxado por poucos acordos com aumentos expressivos, como os de estatais", detalha o professor.
Segundo o estudo, a cláusula mais negociada nesses instrumentos foi o piso salarial — tema que consta em 80,5% das negociações. O valor mediano do piso ficou em R$ 1.563, acima do salário mínimo, que no ano passado foi de R$ 1.320. O valor foi 4,4% maior que o de 2022.
Cerca de 64,5% dos acordos preveem contribuições, de vários tipos, para sindicatos. O tema é mais recorrente que o próprio reajuste salarial — presente em 59,9%. "Isso mostra a força e o interesse do sindicato. Podemos avaliar até, pelos percentuais, que a contribuição sindical é mais importante que o salário para essas entidades", argumenta.
Os adicionais salariais mais negociados foram o valor das horas-extras, presente em 58% das convenções, e do adicional noturno, registrado por 35,2% dos instrumentos coletivos. Auxílio-transporte (32,2%) e auxílio-funeral (23,8%) foram os benefícios fora do salário que mais estiveram presentes nas negociações coletivas.
Entre os abonos, o mais citado nas negociações foi o abono aposentadoria (que funciona como um "prêmio pela aposentadoria", pago uma única vez), em 8% das convenções coletivas. Em seguida, vem o abono por tempo de serviço, previsto em 3,3% das negociações.
O que é convenção coletiva?