O observatório Copernicus, financiado pela União Europeia, divulgou um novo sinal de alerta após um ano marcado por fenômenos climáticos extremos e pelo aumento das emissões de gases do efeito estufa, cenário que provocou apelos por uma ação mais rápida contra o aquecimento global.
Os recordes mensais de calor são registrados desde junho de 2023 e março não foi exceção. O Serviço de Mudança Climática Copernicus (C3S) informou que a temperatura média de março de 2024 foi 1,68°C superior à registrada em um mês de março típico durante o período pré-industrial (1850-1900).
Mas este não foi apenas o 10º mês consecutivo que superou o próprio recorde de calor: também coroou o período de 12 meses mais quente da história: 1,58ºC acima das médias do período pré-industrial.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU advertiu que provavelmente o mundo vai superar o limite de 1,5ºC no início da década de 2030.
Os oceanos não escapam do calor excessivo. Depois do recorde de temperatura na superfície em fevereiro, os oceanos atingiram novas máximas de 21,07ºC em março, exceto nas áreas próximas aos polos. "É incrivelmente incomum", alertou Burgess.
Os oceanos mais quentes ameaçam a vida marinha e significam mais umidade na atmosfera, o que provoca condições meteorológicas mais instáveis, como ventos violentos ou chuvas torrenciais.
Bogotá, a capital da Colômbia, vai racionar o abastecimento de água a partir de quinta-feira, enquanto no México a escassez é um dos principais temas da eleição presidencial. Ao mesmo tempo, Rússia, Brasil e França sofreram grandes inundações.
Os estudos científicos ainda não estabeleceram a influência da mudança climática em cada evento.
Outros recordes serão quebrados nos próximos meses? "Se continuarmos observando tanto calor na superfície do oceano (...) é muito provável", alerta Burgess.
Este calor extra "pode ser explicado em grande parte, mas não totalmente", resumiu Burgess. "2023 está dentro do intervalo previsto pelos modelos climáticos, mas realmente no limite superior", longe da média, explica, com preocupação.