Santa Catarina teve 27 conflitos por terra e 61 pessoas de trabalho em condições análogas à escravidão em 2023, apontou o relatório anual da CPT (Comissão Pastoral da Terra), divulgad0 nesta segunda-feira (22).
As brigas por terra no campo representam a maior parte dos conflitos registrados no Santa Catarina. Ao todo, foram 19 conflitos motivados pela disputa de terras, seis casos de trabalho análogo à escravidão e dois conflitos por água potável.
11,6 mil pessoas afetadas por conflitos no campo em Santa Catarina
Santa Catarina tem o mesmo número de conflitos que o Rio Grande do Sul. No entanto, no Estado catarinense, cerca de 11,6 mil pessoas foram afetadas pelas brigas, um número superior ao do Estado gaúcho, que foi de 10,1 mil pessoas.
O Paraná dispara como líder no maior número de conflitos, com 114. No estado cerca de 14.4 mil pessoas foram afetadas pelas disputas.
61 pessoas foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão em 2023Santa Catarina registrou seis casos de trabalho análogo à escravidão, apontou o relatório. Conforme o levantamento, 61 pessoas foram resgatadas trabalhando em situações degradantes em lavouras no interior de Santa Catarina.
- Água Doce – Lavoura de batata
- Bom Retiro – Lavoura de cebola
- Cunha Porã – Plantio de mudas deeucalipto (Reflorestamento)
- Ituporanga – Lavoura de cebola
- Rio do Sul – Comércio de Madeira
- Urubici – Lavoura de maça
Conforme o MPT (Ministério Público do Trabalho), entre as vítimas havia um trabalhador idoso e um adolescente. Os trabalhadores se deslocaram do Paraná até Santa Catarina para trabalhar na colheita de cebola de um agricultor da região.
De acordo com o MPT, as vítimas foram colocadas em alojamentos precários e trabalhavam sem carteira assinada, sem equipamentos de proteção e sem acesso a água de qualidade.Segundo o MPT, a ação fiscal teve início no dia 27 de novembro e foi encerrada na sexta-feira (1°). Os trabalhadores foram encontrados alojados em duas edificações sem as mínimas condições de conforto, higiene e segurança.
Um dos alojamentos era um sótão improvisado no barracão destinado ao armazenamento da cebola, o que causava um forte cheiro no local.
Nas imagens divulgadas pelo GEFM, é possível ver que os trabalhadores tinham que dormir em colchões apoiados em itens como tijolos, paletes de madeira ou caixas destinadas ao armazenamento das cebolas.
O sótão, que era feito de madeira, possuía várias frestas e arestas que permitiam a entrada de insetos, chuva e vento.
O segundo alojamento era uma casa, também em condições precárias. De acordo com o MPT, ela estava situada em uma área rural de difícil acesso e estava superlotada, com dois trabalhadores dormindo no espaço destinado ao preparo de alimento.