Os diretores do BC (Banco Central) voltam a se reunir nesta terça (30) e quarta-feira (31) para decidir o patamar da taxa básica de juros da economia brasileira. As expectativas do mercado financeiro apontam para a manutenção da Selic, em 10,5% ao ano.
No comunicado em que anunciou a decisão, o Copom reiterou que a Selic deve se manter em patamar elevado por tempo suficiente para que a inflação e suas expectativas voltem para perto da meta.
A prévia da inflação de julho ficou em 0,30%, acima da expectativa do mercado. O IPCA-15 acumulado nos últimos 12 meses teve alta de 4,45%. O resultado encosta no limite do teto da meta seguida pelo Banco Central, que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima (4,5%).
O banco projeta ainda a Selic em 10,5% ao final de 2024 e em 9% ao final de 2025. “Na nossa visão, considerando as sensibilidades dos modelos e as projeções de inflação do Banco Central, não há espaço para novos cortes de juros, mas não descartamos uma possível elevação dos juros neste ano, caso o cenário doméstico continue se deteriorando”, acrescenta o C6.
O Santander também informou em nota que a estimativa do departamento econômico do banco é de manutenção da taxa em 10,50% ao ano
A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, afirma que o risco fiscal ainda preocupa e deve garantir a manutenção de uma postura mais cautelosa.
Ela explica que, eventuais mudanças de sinalizações do BC sobre a condução da política monetária, depende da política fiscal, e do início do processo de corte de juros nos Estados Unidos, que poderia criar espaço para a retomada dos cortes aqui no Brasil.
De março de 2021 a agosto de 2022, o Banco Central elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de “aperto monetário” em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.
Desde agosto de 2023, começou a sequência de cortes de 0,50 ponto percentual em cada reunião, até maio, quando a redução foi de 0,25 ponto porcentual, em placar dividido, quando quatro diretores indicados pelo governo Lula votaram por corte maior, de 0,50.
A taxa básica de juros é uma forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando os juros básicos são reduzidos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
É a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo em empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.