O dólar subiu fortemente frente ao real nesta quinta-feira, dia 1º, e atingiu a maior cotação em mais de dois anos e meio. A alta da moeda norte-americana foi de 1,43%, com o câmbio cotado a R$ 5,73 ― maior cotação desde dezembro de 2021. Analistas afirmam que uma combinação de fatores resultou na “tempestade perfeita” que fez o dólar disparar.
“A valorização do iene [moeda oficial do Japão], que leva a uma saída de capital de outras moedas emergentes; dados econômicos fracos dos EUA fortalecem o dólar como ativo de refúgio; a decisão do Copom de manter juros estáveis torna o real menos atraente; e o risco do conflito entre Israel e Palestina de alastrar no Oriente Médio”, lista Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
Entenda o que aconteceu com o dólar hoje
“O movimento do dólar no Brasil está alinhado com o externo, mas está um pouco mais forte aqui em função de vários fatores”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.Segundo ele, ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tenha indicado na véspera estar preocupado com os efeitos do câmbio e das expectativas sobre a inflação, o colegiado não demonstrou intenção de subir a taxa básica de juros no curto prazo. “Isso é negativo para o real”, disse.
Outro fator para a força do dólar ante o real é a percepção entre os investidores de que o BC, por enquanto, não fará intervenções no mercado. A autoridade monetária tem repetido que eventuais intervenções serão feitas apenas em caso de disfuncionalidade do mercado e não por conta do nível do câmbio.Profissionais ouvidos pela agência Reuters pontuaram que, com o dólar próximo dos R$ 5,70, ordens de stop loss (parada de perdas) foram disparadas, amplificando o movimento no câmbio.
Fatores geopolíticos também favoreceram o dólar no exterior nesta quinta-feira. O risco do conflito entre Israel e Palestina de alastrar no Oriente Médio após a morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, fizeram a moeda americana se valorizar sobre diversos países emergentes, como é o caso do Brasil.