Mais de mil venezuelanos já atravessaram a fronteira da
Venezuela com o Brasil desde o dia 28 de julho, data da eleição presidencial na
qual Nicolas Maduro foi declarado vitorioso ante Edmundo Gonzales, que aponta
fraude na eleição.
De acordo com dados oficiais do Exército Brasileiro, colhidos
pela Operação Acolhida, estruturada em 2018 pelo governo brasileiro para
receber imigrantes do país vizinho, pelo menos 1.115 venezuelanos já entraram
no Brasil nos últimos dias.
O fluxo começou a ocorrer já na segunda-feira seguinte a
eleição, quando 50 venezuelanos entraram no país.
Nos dias que se seguiram foram:
82 (30/7),
103 (31/7),
184 (1/08),
253 (2/08),
201 (3/08)
e 242 (4/08).
Os dados de segunda-feira (5) ainda não estavam
contabilizados.
O movimento coincide com o impasse diante do resultado
eleitoral. A divulgação do resultado pelo Conselho nacional Eleitoral (CNE) é
contestada pela oposição e por diversos países do mundo, como estados Unidos e
Argentina.
A indefinição gerou uma onda de violência e repressão no
país, que autoridades brasileiras disseram à CNN ser a força-motriz do
movimento crescente na fronteira nos últimos dias.
Ao todo, nos últimos anos quase 8 milhões de venezuelanos
deixaram o país, o que corresponde a um quarto da população total do país,
estimada em 32 milhões de habitantes. Estima-se que 580 mil adentraram o
Brasil.
Em razão disso, desde 2018 organizou-se a Operação Acolhida,
que recebe os imigrantes e organiza seu deslocamento voluntário para municípios
do país dentro de um quadro de integração socioeconômica e cultural.
Um levantamento do governo federal em março deste ano
calculou haver venezuelanos presentes em 1.056 municípios do país.
A estimativa é que o número continue a crescer nos próximos
dias. Nesta segunda-feira (5), o candidato da oposição da Venezuela, Edmundo
González, publicou nas redes sociais, um comunicado pedindo para ser proclamado
vencedor das eleições, e assinou a declaração como “presidente eleito da
Venezuela”. Como mostrou a CNN, o comunicado foi mal recebido pelo governo
brasileiro.