Ao contrário dos índices mundiais, onde o número de pessoas que tiram a própria vida vem diminuindo, a realidade nos países das Américas é outra, segundo a Organização Mundial da Saúde.
No Brasil, a média dos registros dos últimos 5 anos ultrapassou 15 mil casos anuais, sendo que em 2023 foram mais de 16 mil óbitos autoprovocados, ou seja, 43 pessoas cometem suicídio por dia.
Santa Catarina registrou um aumento de 25% dos casos entre os anos de 2020 (769) e 2023 (962). Em 2023, foram registrados 962 suicídios, dos quais 76% (738) foram cometidos por pessoas do sexo masculino. Entre crianças e adolescentes, na faixa etária dos 10 aos 19 anos, foram 41 óbitos. O maior número de casos ocorreu entre os 30 e 49 anos, somando 366 óbitos. Em 2024, até o dia 29 de agosto, os números já chegavam a 616 casos, sendo 77% (475) entre indivíduos do sexo masculino. Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
Em todo o mundo, são registrados anualmente mais de 700 mil suicídios, segundo a OMS.
Entre as causas apontadas está ansiedade, depressão e outras condições relacionadas à saúde mental que têm sido exacerbadas por fatores como a pandemia, crises econômicas, e as pressões sociais, segundo Aline Piaceski Arceno, gerente de Análises Epidemiológicas e Doenças e Agravos Não Transmissíveis, da Diretoria da Vigilância Epidemiológica (DIVE) da Secretaria Estadual de Saúde.
Suicídios de crianças e adolescentes registraram aumento em SC
Cerca de mil crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos tiram a própria vida no Brasil a cada ano, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria. “A taxa entre jovens cresceu 6% ao ano no país entre 2011 e 2022. Já as taxas de notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos aumentaram 29% a cada ano nesse mesmo período”, explica Monique Meneses, enfermeira da DIVE.
Em Santa Catarina, a taxa de mortalidade por suicídio entre crianças e adolescentes de 10 a 19 anos mais que dobrou entre os anos de 2011 e 2022, indo de 2,3 para 5,2 óbitos a cada 100 mil crianças e adolescentes. Já a taxa de notificação das lesões autoprovocadas no Estado, nesta mesma faixa etária, chegou a 204,3 casos a cada 100 mil crianças e adolescentes em 2022.Campanhas de conscientização sobre saúde mental
Em Santa Catarina, uma campanha voltada par a conscientização sobre a saúde mental de crianças e adolescentes com o tema “Eu não fazia ideia que…” busca alertar os pais e responsáveis sobre os sinais de problemas emocionais, abordando questões como bullying, excesso de tempo em frente às telas e solidão.Aprenda a reconhecer os sinais
Reconhecer sinais de sofrimento psíquico é parte do processo de cuidado. Porém, nem todas as pessoas apresentam comportamentos indicativos, de modo que alguns sinais são percebidos apenas após a tentativa ou o suicídio consumado. Alguns sinais podem despertar a atenção da família e de amigos, tais como isolamento, abuso de álcool e outras drogas, mudanças bruscas de humor, diminuição do autocuidado e até automutilação.“Precisamos conscientizar as pessoas, esclarecer e abrir espaço para falar sobre suicídio. É preciso deixar que as pessoas falem sobre o sofrimento, e isso, pode trazer alívio e conforto. As pessoas próximas podem perceber sinais e ajudar na prevenção. Lembrando que também é necessário procurar ajuda especializada para acolher e encaminhar para o tratamento adequado”, ressalta Aline.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, a porta de entrada para o acolhimento é a Unidade Básica de Saúde (UBS). O serviço público de saúde mental em Santa Catarina conta com 114 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), distribuídos entre diversos municípios e diferentes modalidades. Nesses serviços, são atendidas pessoas que vêm em demanda espontânea, incluindo aquelas que apresentam distúrbio psiquiátrico, pensamento suicida e histórico de tentativa de suicídio.Onde buscar Ajuda
- UBS- CAPS
- UPA 24 horas
- SAMU 192
- Pronto Socorro
- Hospitais
- Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional gratuitamente, de forma voluntária, 24 horas por dia, por telefone 188, e-mail ou chat pelo site da instituição (www.cvv.org.br).
