Saúde em Alerta - 29/09/2024 21:22

Com mais de 2,2 mil casos em SC, especialistas alertam sobre a prevenção contra hepatites virais

Campanhas de conscientização e acesso a testes gratuitos reforçam a importância de identificar de forma precoce as infecções
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Diagnóstico precoce de hepatites virais é chave para evitar cirrose em Santa Catarina Em 2023, o Estado teve 2.244 casos confirmados de hepatites virais (Foto: Banco de imagens, Reprodução)

Mais de 2,2 mil casos de hepatites virais foram confirmados em Santa Catarina no último. Os dados são da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC) e levam em conta diagnósticos dos três tipos de vírus: A, B e C. Por conta do avanço da doença e os riscos que ela pode causar, principalmente quando atingem o fígado, especialistas alertam para a importância do diagnóstico precoce e a prevenção.

Essas infecções podem ser causadas por cinco tipos diferentes de vírus (A, B, C, D e E). Das confirmações no Estado, a maioria das infecções foi por hepatite B, com 1.045. Em seguida vêm a hepatite C, com 948 casos, e, por último, a A, com 251.

As hepatites virais são responsáveis pela morte de 1,3 milhão de pessoas por ano no mundo, conforme aponta o Relatório Global sobre Hepatite 2024, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o documento, elas representam a segunda principal causa infecciosa de morte no mundo, provocando um número de óbitos semelhante à tuberculose, atual líder.

O número de mortes de 2023 ainda não foram divulgados. Conforme os dados mais recentes do Ministério da Saúde, de 2022, a hepatite C é o tipo mais mata entre as hepatites virais, seguida do tipo B. Já em Santa Catarina, somente em 2023, foram registrados 24 óbitos pelo vírus C e 11 pelo B, segundo a Dive.

A relação entre hepatite e cirrose

A cirrose hepática é uma condição grave em que o fígado desenvolve cicatrizes irreversíveis devido à inflamação crônica. No caso de infecções por hepatites B e C, ocorre uma inflamação prolongada, causada pelos vírus, que compromete o tecido hepático, levando a uma degeneração progressiva do órgão e afetando a capacidade dele realizar funções vitais, como desintoxicar o sangue, produzir proteínas e regular a digestão.

De acordo com Leonardo de Lucca Schiavon, hepatologista no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), a forma crônica, quando o paciente apresenta a doença há mais de seis meses, é a principal causa de cirrose hepática por infecção e preocupa pela dificuldade dos infectados em perceber os sintomas.

— Os sintomas são muito silenciosos e quando aparecem, geralmente, o estágio da doença já está avançado. Essa evolução pode fazer com que seja necessária a realização de um transplante de órgãos — afirma.

O diagnóstico precoce permite a avaliação do quadro clínico do paciente, para que não ocorra a evolução da doença.

Diagnóstico precoce: um aliado na prevenção

A detecção precoce do vírus é crucial para evitar a evolução para estágios mais graves da doença. Por isso, na última terça-feira (24), o Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), promoveu uma ação preventiva e de testagem rápida para hepatites virais B e C.

— O diagnóstico precoce permite ao médico identificar a gravidade do caso e selecionar quais pacientes têm indicação de tratamento — afirma Janaina Luz Narciso Schiavon, médica gastroenterologista do HU-UFSC.

Ações como a do HU-UFSC ajudam a combater a realidade dos casos crônicos e facilitam o tratamento precoce. Os pacientes também podem buscar por exames para detectar os vírus das hepatites B e C em qualquer posto de saúde da rede pública, onde são oferecidos tanto o teste rápido, que utiliza apenas de uma gota de sangue na ponta do dedo para diagnóstico, quanto o exame de sangue, feito através da coleta em laboratório.

De acordo com hepatologista Leonardo Schiavon, o Brasil possui um programa nacional de combate a hepatites, mas cada Estado e município pode determinar como será a realização dos testes.

— Nem todas as unidades possuem o teste rápido aqui em SC, mas o paciente pode ser encaminhado aos Centros de Testagem e Aconselhamento. Esses centros disponibilizam testes não só para hepatite B e C, mas também para HIV e sífilis, além de ter todo o aconselhamento necessário caso o resultado seja positivo ou negativo — afirma.

Os testes são recomendados principalmente para populações de risco, como pessoas que compartilham seringas ou agulhas, indivíduos que receberam transfusões de sangue antes de 1992, profissionais de saúde e aqueles que têm múltiplos parceiros sexuais.

O tratamento, no caso da hepatite C, se dá a partir da administração de antivirais de ação direta (DAAs), que permitem a cura em mais de 95% dos casos quando diagnosticados e tratados precocemente. Já para a hepatite B, embora não exista uma cura definitiva, o tratamento pode controlar a replicação do vírus, reduzindo os danos ao fígado.

A importância da prevenção e a vacinação

Além do diagnóstico precoce, a prevenção é outra ferramenta importante no combate às hepatites virais. Santa Catarina possui campanhas regulares de vacinação contra a hepatite B, oferecida gratuitamente nos postos de saúde.

— A vacina para hepatite B é disponibilizada em três doses pelo Sistema Único de Saúde e faz parte do Plano Nacional de Imunização e está disponível para adultos nas unidades básicas de saúde, caso não tenham suas carteiras vacinais atualizadas. — conta o hepatologista Leonardo Schiavon.

As hepatites B e C podem ser transmitidas através de relações sexuais e sangue contaminado, mas também há outras maneiras de adquirir o vírus.

— A transmissão da hepatite B, além da via sexual e sangue contaminado, também se dá de mãe para filho e entre familiares da mesma residência. E a transmissão da hepatite C se dá principalmente por sangue: compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos cortantes, além de transfusões realizadas no Brasil antes de 1993, quando o sangue passou a ser testado para hepatite C — afirma a gastroenterologista Janaina Schiavon.

A hepatite C ainda não possui uma vacina. Nesse caso, as medidas preventivas envolvem o uso de preservativos em relações sexuais, evitar o compartilhamento de objetos cortantes e seringas, além de garantir que procedimentos médicos ou estéticos sejam feitos com materiais devidamente esterilizados.

Fonte: NSC
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