Um estudo feito pela Universidade do Missouri, nos EUA, mostrou que danos no fígado, como acúmulo de gordura e desenvolvimento de fibrose (formação de cicatrizes no fígado), podem ser revertidos por intervenções no estilo de vida, como dieta restrita e exercícios de alta intensidade.
A pesquisa foi feita com 24 pacientes de Esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (MASH), uma doença que geralmente não apresenta sintomas e também não está relacionada ao consumo de álcool. Eles foram acompanhados por 10 meses.
A MASH é a condição hepática mais frequente no mundo, atingindo cerca de 30% da população, segundo a Biblioteca Virtual de Saúde. Se não tratada, a condição pode desencadear cirrose, como também insuficiência hepática e câncer de fígado.
A melhora nos pacientes foi constatada por meio de imagens diagnósticas e biópsias. Este é o primeiro estudo a medir o efeito combinado de dieta e exercícios sobre o fígado utilizando tecnologias de imagens e biópsia, segundo Elizabeth Parks, professora de nutrição e autora do estudo.
"A doença hepática está aumentando muito rápido. Fomos capazes de mostrar em nossa pesquisa como dieta e exercícios devem ser a base do tratamento para a doença”, disse Parks.
Essas técnicas permitiram uma avaliação mais precisa dos efeitos sobre inflamação, acúmulo de gordura e desenvolvimento de fibrose, fatores centrais da MASH.
Quais alimentos são recomendados?
No caso do estudo, nutricionistas determinaram os melhores alimentos para cada participante e monitoraram sua ingestão calórica e de nutrientes.Segundo a nutricionista Bianca Gonçales, a dieta para combater a gordura no fígado pode incluir alimentos com fibras e proteínas, aveia, peixes e verduras. Carboidratos refinados (como bolacha recheada, refrigerante, iogurte aromatizado arroz branco) e de gorduras saturadas (óleo de coco, margarina, amendoim, banha de porco) devem ser evitados. O ideal é optar por alimentos integrais.
Ainda de acordo com a especialista, alguns alimentos são especialmente úteis para evitar cair na tentação de comer "porcaria", porque contêm triptofano, que ajuda na produção de serotonina, com efeitos positivos sobre a regulação do humor, além de serem saudáveis para o corpo. Entre eles estão: sementes de abóbora e de girassol, bananas e ovos.
Bianca ressalta que incluir na alimentação proteínas magras como peixe, frango sem pele, legumes e tofu pode ajudar a evitar a tentação de comer besteiras por questões emocionais, já que proporcionam sensação de saciedade por mais tempo.
Mirtilos, framboesas e chocolate amargo também podem colaborar com a produção de endorfina.
Diabetes tipo-2 e obesidade são fatores de risco para doença hepática
A pesquisa destaca o papel da obesidade e diabetes tipo 2 como fatores de risco para MASH, sugerindo que essas intervenções no estilo de vida podem reverter os danos hepáticos e proteger contra o desenvolvimento futuro da doença.
“A obesidade e a diabetes estão aumentando no país e são os dois principais fatores de risco para doença hepática gordurosa”, ressalta.
O estudo reafirma a importância de dietas controladas e exercícios físicos na prevenção e no tratamento de doenças hepáticas, indo além das abordagens tradicionais e mostrando que a MASH pode não ser necessariamente uma condição crônica e progressiva.