Nesta quinta-feira (17), no Dia Nacional da Vacinação, Santa Catarina pode comemorar um pouco mais. Isso porque o Estado foi responsável por tirar o Brasil da lista das 20 nações com mais crianças não imunizadas do mundo. A informação é do relatório divulgado em julho pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef).
O relatório da OMS/Unicef mostra que, no Brasil, o número de crianças que não receberam nenhuma dose da DTP1, que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche, caiu de 418 mil em 2022 para 103 mil em 2023. O número de crianças brasileiras que não receberam a DTP3 também caiu: de 846 mil em 2021 para 257 mil em 2023.
No Brasil, a DTP é administrada pelo Programa Nacional de Imunizações, o PNI, como a Vacina Pentavalente. Em Santa Catarina, a cobertura vacinal contra a DTP passou de 77,35% em 2022 para 84,18% em 2023.
SC tem redução na cobertura vacinal, mas cenário deve mudar
A data ressalta também a importância da imunização para a prevenção de doenças e a promoção da saúde pública. Em Santa Catarina, a redução na cobertura vacinal de todo o calendário nacional de vacinação desde 2016 é uma preocupação, mas há esperança na mudança desse cenário, de acordo com João Augusto Fuck, que é diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC).
De acordo com o diretor, a redução na cobertura vacinal do Estado tem muito a ver com a pandemia da Covid-19, mas Santa Catarina deve se recuperar disso, com o resgate das coberturas vacinais de algumas doenças. No ano passado, Fuck informa que o Estado alcançou a cobertura de três vacinas do calendário de vacinação: do Rotavírus, da Meningite C e da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.
O diretor pontua, também, que o dado preliminar de 2024 mostra que Santa Catarina já está alcançando a cobertura para duas dessas vacinas, contra a Meningite C e contra a tríplice viral.
Para as vacinas de doenças mais complicadas, que inclusive o Estado trabalha com campanhas de vacinação, como a dengue ou a Covid, a cobertura vacinal ainda é baixa, conforme as expectativas da Dive/SC, diz o diretor.
— Para a dengue, a gente tem coberturas baixas no Estado, abaixo de 50% na primeira dose na região de Joinville, que foi a primeira a vacinar, por exemplo — conta.
A vacina da dengue é de duas doses, com intervalo de 90 dias entre uma e outra.
A cobertura vacinal da Covid no Estado também é baixa, principalmente entre as crianças, que agora são grupo prioritário para recebê-la, assim como os idosos e pessoas com comorbidades.
Principal desafio é integração de dados
Para o diretor da Dive/SC, o maior desafio atualmente é a integração de dados, uma vez que o Estado tem uma base nacional que integra todos os dados de vacinação dos municípios catarinenses. As dificuldades enfrentadas na integração desses dados pode refletir nos números finais da cobertura vacinal.
O trabalho para a cobertura vacinal é feito em conjunto com os municípios catarinenses, que realizam a aplicação das vacinas, conforme o diretor. O Estado é responsável pelo processo de distribuição das vacinas que são adquiridas pelo Ministério da Saúde, além de fazer as recomendações e o estabelecimento de diretrizes.
Imunizante é uma das ferramentas mais eficazes da medicina
Os imunizantes são reconhecidos como uma das ferramentas mais eficazes da medicina, uma vez protegem tanto o indivíduo quanto a comunidade por meio da imunidade coletiva, de acordo com a infectologista e consultora de vacinas da Dasa/Laboratório Santa Luzia, Maria Isabel Moraes Pinto.
O Dia Nacional da Vacinação foi criado para conscientizar sobre a necessidade de manter a carteira atualizada, o que é importante, também, para evitar o ressurgimento de doenças controláveis, como sarampo, poliomielite e gripe. Durante os surtos de febre amarela entre 2017 e 2019, por exemplo, a vacinação foi crucial para controlar a propagação da doença.
Para a infectologista, é necessário orientar a população que o Brasil dispõe de vacinas seguras e eficazes para um número cada vez maior de doenças.
— Mas elas só funcionam se as pessoas as receberem. Para uma resposta que possa conferir imunidade da comunidade, oferecendo proteção àqueles que tem condições de imunossupressão e não respondem tão bem as vacinas, a cobertura precisa ser alta — completa.
Conheça alguns mitos e verdades sobre vacinas:
Vacina contra a gripe provoca gripe?
Mito: A vacina da gripe contém vírus inativados, o que impede que cause a doença. Sintomas leves, como dor no local da aplicação, são comuns, mas não duram mais que 48 horas.
Vacina tríplice viral causa autismo?
Mito: Estudos amplos já demonstraram que não há qualquer relação entre a vacina que previne sarampo, caxumba e rubéola e o autismo.
Vacinas ajudaram a controlar epidemias no passado?
Verdade: Vacinas foram essenciais para erradicar doenças como a varíola e reduzir drasticamente os casos de poliomielite e sarampo, por exemplo.
Crianças só podem tomar uma vacina por vez?
Mito: As vacinas podem ser aplicadas simultaneamente sem prejudicar sua eficácia ou a saúde da criança, economizando tempo e garantindo proteção.
Mito: A OMS reafirma a segurança e eficácia das vacinas contra a COVID-19, que passaram por rigorosos testes antes de serem aprovadas.