O cérebro do boxeador Maguila, que morreu nesta quinta-feira (24), deve ser doado para a Universidade de São Paulo (USP). Na instituição, o órgão servirá para estudos sobre a demência pugilística, condição enfrentada pelo atleta desde 2013.
Em 2018, Maguila concordou em doar o órgão para a universidade, com consentimento da família. Cientistas da universidade pretendem realizar estudos sobre como esportes como boxe, rúgbi, futebol, que provocam impactos repetidos na cabeça, podem ter impactos no ser humano.
Entre os sintomas da Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), chamada de demência pugilística, estão perda cognitiva e distúrbios de comportamento, como episódios de depressão, violência e suicídio. Por conta disso, acaba sendo confundida com outras doenças, como o Alzheimer.
Porém, a doença se manifesta em sintomas comportamentais, diferente do Alzheimer, em pessoas mais jovens, e em um tempo de vida mais longo.
Outros atletas como o zagueiro Bellini, campeão mundial em 1958, e o pugilista Éder Jofre, que morreu em 2022, já doaram o cérebro para o estudo. O caso de Bellini é o primeiro diagnóstico da doença em um jogador de futebol.
Como a demência pugilística é identificada
Atualmente, o diagnóstico só é feito a partir do estudo do cérebro depois da morte. É possível fazer algumas avaliações de marcadores da doença, como a proteína TAU, em exames de imagem e da retirada do líquor cerebral.
Caso essa proteína seja encontrada em alta quantidade no cérebro, há a possibilidade de confirmar a doença. Há pesquisas em desenvolvimento para que esses marcadores possam ser identificados através de exame de sangue.