REGISTROS - 21/11/2024 10:20 (atualizado em 22/11/2024 15:25)

Feriado de 20 de novembro é marcado por programação especial em São Miguel do Oeste

Manifestações artísticas e debates sobre a diversidade Étnica-Racial nortearam as atividades; Confira fotos do evento
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Foto: Tamara Finardi/ Rádio Líder/ WH Comunicações/ Jornal O Líder

Saberes compartilhados e a mobilização da cultura popular provocaram reflexões durante a passagem do 20 de Novembro em São Miguel do Oeste, data que pela primeira vez entrou para os calendários como feriado nacional, simbolizando o dia de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra. Atividades que discutem a diversidade étnico-racial ocorreram no Salão Paroquial da Paróquia São Miguel Arcanjo e na Praça Walnir Bottaro Daniel.

Pela manhã, cerca de 100 pessoas se inscreveram para participar do debate sobre a diversidade cultural e os editais de fomento, promovido pelo Comitê de Cultura de SC e a AFRODESMO. Reunidos em rodas de conversa, os participantes puderam expor suas visões a respeito de melhorias para que estes editais se tornem mais acessíveis. Além disso, a pauta sobre a falta de dados específicos de registro de violência sofrida pela população negra e LGBTQIAPN+ foi debatida. Sobre este assunto, foi sugerido reivindicar junto aos órgãos públicos a criação de iniciativa semelhante ao observatório da violência contra a mulher no estado. 

Foto: Tamara Finardi/ Rádio Líder/ WH Comunicações/ Jornal O Líder

Durante a palestra sobre os “Desafios do Negro Estrangeiro no Brasil e sua Cultura”, o professor Nahun Sain Julien, natural do Haiti e Graduando em Letras na UFFS, explanou sobre as suas vivências ao chegar em terras brasileiras. Em sua fala, ele reforça a importância de combater estereótipos ligados a corpos negros: “ ser negro é uma força de resiliência para lutar contra a desigualdade e o racismo”.

Na programação matutina, as crianças presentes participaram de atividades no espaço kids, com contação de histórias e pintura de desenhos. A primeira etapa de atividades se encerrou de forma saborosa: ao meio dia, foi servida uma feijoada, com todos os complementos tradicionais.

À tarde, o mobilização teve sequência exibindo muita potência na área coberta da Praça Walnir Bottaro Daniel. O clima que intercalou momentos nublados, de sol e pancadas de chuva, não impediu que a comunidade estivesse presente para prestigiar o 4º Festival AFRO CULTURAL. As apresentações artísticas se destacaram pela diversidade de expressões da cultura popular, envolvendo danças, percussão, canções, desfile, capoeira, poesia e literatura. Concomitante, artesãos locais realizaram exposição de produtos, enquanto crianças se divertiram no espaço voltado às brincadeiras. A equipe da AFRODESMO atuou com empenho para que o evento entregasse diversas mensagens à comunidade. No palco da área coberta, a presidente da entidade, Isete Carmen Lourenço, conduziu as apresentações com muita força e entrega. O fato do da data ser um feriado, contribuiu para que mais pessoas pudessem compartilhar as atividades.

Foto: Tamara Finardi/ Rádio Líder/ WH Comunicações/ Jornal O Líder

Pessoas de diversos municípios da região partilharam este momento. Adriana Cardoso, 39 anos, professora em Paraíso, participou das atividades durante o dia todo. Para ela, o debate acerca da mobilização em prol de editais que fomentem a diversidade cultural foi muito relevante, e a expectativa é que eles sejam explorados em seu município. Além disso, a professora considera que incorporar práticas pedagógicas de diversidade étnico-racial em sala de aula é  essencial para desconstruir preconceitos. 

A ancestralidade também foi destaque. Dona Maria Lourenço, 81 anos, está em São Miguel do Oeste há seis décadas. Ela é mãe de Valdemar, Isete e Elisabete, família que se doou para que a AFRODESMO fosse fundada no município. A matriarca da família se emociona com as ações da expressão cultural sendo realizadas em espaço público. “Foi necessário muita luta e coragem para vivermos estes momentos”, celebra a conquista. Para Isete, a mãe é uma precursora das conquistas obtidas no presente. Ela está sempre junto na marcha da resistência denunciando o racismo. "Esse ano ela se realizou ao ver seu filho e filhas  com autonomia nos projetos", destaca. Ainda sobre o evento e o feriado, a presidente da AFRODESMO reflete sobre o papel da comunidade em combater o racismo todos os dias. 

A programação da AFRODESMO e da Caravana do Comitê de Cultura de SC, acolhida e incentivada por diversas entidades e negócios locais, contou com apoio do IFSC-SMO, Unoesc, NEABI, Mistura no Samba, Pastoral do Migrante, Coletivo Arte e Espaço, Paroquia São Miguel Arcanjo e a Secretaria Municipal de Esporte e Cultura.

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Fonte: Tamara Finardi/ Rádio Líder/ WH Comunicações/ Jornal O Líder
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