Com destaque para os segmentos de construção, têxtil, confecção e calçados, alimentos e bebidas, produtos químicos e plásticos, e máquinas e equipamentos, a indústria catarinense registrou, entre janeiro e outubro de 2024, 59,5 mil empregos formais. Os dados são do “Balanço Econômico e Perspectivas 2025”, estudo divulgado ontem pela Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina).
Além de ocupar a quarta posição quando o assunto é o maior saldo de empregos, outros pontos foram evidenciados, incluindo a participação do setor de transformação e construção no PIB (Produto Interno Bruto), já que o segmento representa 27,1% do montante, índice superior quando comparado à média nacional, que está em 18,4%.
Outro dado importante para a indústria catarinense foi a quantia registrada nas importações, com o recorde de US$ 31 bilhões. Para o presidente da federação, Mario Cezar de Aguiar, o registro está relacionado com a compra de insumos e equipamentos.
“A importação de produtos manufaturados movimenta muito a nossa economia. É um bom negócio para o Estado porque gera emprego, receita e a movimentação portuária, determinante para o crescimento socioeconômico catarinense”, defende Aguiar.
Na produção industrial, os segmentos de equipamentos elétricos (15,9%), máquinas e equipamentos (11,6%), metalurgia (11%), borracha e plástico ( 9%) e madeira (9%) foram os responsáveis por colocar as empresas catarinenses à frente do nacional, com crescimento de 6,8% no acumulado do ano.
No quesito exportação, o Estado permanece com índices elevados, registrando US$ 10,7 bilhões, mas a expectativa é que o valor se aproxime do registrado em 2023, com US$ 11,6 bilhões — isso porque os dados representam o acumulado até novembro.
No crescimento por áreas, Santa Catarina fica à frente da média nacional nos segmentos: indústria de transformação, alimentícios, têxteis, confecções, borracha e plástico, minerais não metálicos, metalurgia, materiais elétricos, máquinas e equipamentos.
O único em que o Estado fica atrás da média é no ramo de veículos. Entre os obstáculos mapeados pelo estudo da Fiesc, a ausência de qualificação ou o alto custo para manter o trabalhador capacitado são as principais preocupações dos empresários, que convivem com a realidade de um mercado aquecido.
A carga tributária, a demanda interna insuficiente, as taxas de juros elevadas e a demanda externa insuficiente são outros pontos de preocupação. “Poderia até dizer que, se não fosse a escassez de trabalhadores, a indústria teria empregado mais. Várias empresas têm dificuldade de encontrar mão de obra qualificada”, diz Aguiar.
Cenário fiscal pressiona juros e afetará crescimento em 2025
A pesquisa também elenca aquilo que pode influenciar no próximo ano, como a desaceleração econômica, conflitos políticos e inflação, responsáveis por manter os juros elevados e a redução de investimentos.A projeção pode impactar Santa Catarina e, na visão do presidente da Fiesc, está relacionada com a política econômica do país e a possível alta da Selic, taxa básica de juros. “Estamos gastando muito, incentivando o consumo. Por outro lado, para tentar equilibrar, estamos penalizando o setor produtivo, aumentando a carga tributária”, fala Aguiar.
A importância da infraestrutura para o transporte do que é produzido no Estado foi outro aspecto comentado pelo presidente, que reforça a relevância das rodovias. “Você pode comprar o melhor equipamento, treinar a mão de obra de maneira excepcional, mas se você tiver custo logístico fora da curva perderá competitividade. Então a logística será um fator determinante para fixar a indústria.”
Em 2025 a perspectiva é de um cenário externo ainda mais desafiador, com o aumento dos conflitos no Oriente Médio e a situação na Ucrânia ainda afetando o ambiente geopolítico. Soma-se a isso uma conjuntura complexa para o comércio internacional, com China e Estados Unidos lançando mão de políticas protecionistas. “Santa Catarina até poderá se beneficiar, mas ainda é cedo para avaliar quais as efetivas oportunidades para as indústrias do Estado”, avalia.