Em junho, a tragédia da queda do voo 2283 da Voepass deixou 62 pessoas mortas, em Vinhedo, São Paulo. Neste final de semana, dez pessoas de uma mesma família morreram após uma aeronave cair em Gramado, no Rio Grande do Sul.
Em 2024, 148 pessoas foram vítimas de acidentes aéreos, recorde de dez anos desde a série histórica iniciada em 2014 e um aumento de 92%, em relação ao ano passado. Isso equivale a dizer que, a cada 57 horas, uma pessoa morreu durante deslocamento aéreo em território nacional.
Os dados são do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, o Cenipa.
Para o comandante Décio Corrêa, presidente da Associação Brasileira de Formação Aeronáutica (Abefaer), as quedas de uma aeronave são influenciadas, normalmente, por mais de uma causa.
Ele explica que as razões que mais estão envolvidas em um acidente são condições meteorológicas adversas, falhas de componentes mecânicos, manutenção precária e, principalmente, falha humana.
"Cerca de 85% dos acidentes têm como principal fator contribuinte a falha do próprio piloto", afirmou Décio Corrêa.
Pilotos precisam de mais treinamento
Décio Corrêa ressalta que, apesar da alta no número de mortes, a aviação está se tornando mais segura a cada ano. O comandante diz que o número de aviões em circulação aumentou, mas os treinamentos oferecidos para pilotos não acompanhou a demanda.
O comandante afirma que os dois principais erros humanos que causam acidentes aéreos são:
- Imperícia: Falta de preparo do piloto para a situação adversa específica. "Eu sou acostumado a voar em uma aeronave monomotor, e aí, com um mínimo de experiência e treinamento, me vejo pilotando uma aeronave bimotor", explica.- Negligência e omissão: Piloto não cumpre os protocolos de condução de aeronave. "Em vez de fazer um checklist e incluir todos os procedimentos, como preparação da cabine de voo, ele queima etapas e omite uma parte que seria importantíssima", explica.