Já parou para pensar de onde vem a energia elétrica que abastece a sua casa? Em alguns casos ela pode vir do lixo produzido por você mesmo. A produção de energia a partir de materiais orgânicos já é realidade em alguns municípios de Santa Catarina. Cidades como Itajaí e Mafra, por exemplo, destinam seus resíduos para usinas que reaproveitam o lixo e o transformam em matéria-prima como biogás, originando fontes de energia renovável.
As usinas, porém, não são as únicas opções de destinação do lixo. As toneladas de resíduos recolhidos todos os dias das casas, comércios e indústrias da região possuem diferentes destinos, variando de acordo com o programa de cada município.
Na pior das hipóteses, o lixo é dispensado e amontoados em um grande terreno, onde sofrem o efeito natural da decomposição, produzindo mau cheiro e gases que não passam por nenhum tipo de tratamento ambiental. Estes locais são conhecidos como lixões.
Estes espaços não são monitorados e produzem gás metano de forma descontrolada. Inclusive, a Lei 14.026 de 2020, o Novo Marco Legal do Saneamento Básico, determinou que os lixões fossem encerrados no Brasil até agosto de 2024.
A substância é uma das maiores causadoras do efeito estufa, sendo o segundo maior contribuinte para o aumento de temperatura na terra, aponta a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil).
Além dos lixões, outro destino dos lixos que também produz o gás metano é o aterro sanitário. Este, entretanto, é uma solução criada pela engenharia e que possui fiscalização ambiental e sanitária, que incluem medidas de redução da produção destes gases ou enviam essa substância para usinas de biogás e biometano, que permitem a geração de energia elétrica a partir destes gases, ou seja, tornando o lixo reutilizável.
Outras iniciativas transformam o lixo em materiais para construção que podem, inclusive, ser utilizados em obras públicas do Estado, como é o caso de São Bento do Sul. Uma usina da cidade transforma plástico, entre eles garrafas pet, em pavers usados na pavimentação de ruas, e também em blocos de meio-fios.
No município do Planalto Norte, além da produção de peças usadas na construção civil, o material orgânico será futuramente transformado em energia elétrica, também a partir do biogás.
As diferentes usinas espalhadas por Santa Catarina atuam como agentes de preservação ambiental, pois promovem alternativas de destinação final de resíduos que não dependam exclusivamente de aterros sanitários, proporcionando a geração de biogás, energia e peças de construção civil, além de contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mitigando o aquecimento global.
-São boas alternativas a serem consideradas, pois os impactos positivos se sobrepõe aos negativos. No caso das usinas de biogás, por exemplo, o gás gerado pode gerar energia, biocombustível e será considerado como uma diminuição das emissões de gases do efeito estufa e substituto a outras fontes de combustíveis fósseis, diminuindo o potencial de geração de gases do efeito estufa — cita a mestre em Engenharia Ambiental, Eduarda Piaia.
Entretanto, assim como há benefícios, existem também pontos negativos nas produções de usinas. Entre eles a geração de pequenas emissões atmosféricas, possíveis vazamentos de metano em casos de usinas mal gerenciadas, possíveis impactos no solo e recursos hídricos.
A engenheira ambiental enfatiza que é possível contornar os malefícios da iniciativa, desde que os processos sejam gerenciados com responsabilidade e atenção.