CONFUSÃO - 05/02/2025 15:54

Confusão judicial: jovem sem filho é preso por não pagar pensão e fica 27 horas na cadeia

Defensoria Pública observou que o processo havia iniciado em 2017, quando Gustavo Ferreira tinha 12 anos; jovem passou mais de um dia na prisão com outros 22 detentos
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Jovem de 20 anos sem filho foi preso por não pagar pensão – Foto: Divulgação/R7/ND

Um jovem de 20 anos, identificado como Gustavo Ferreira, foi preso por não pagar pensão alimentícia. O homem, porém, não tem filho. Durante a audiência de custódia, realizada na última quarta-feira (29), o erro no processo foi percebido pela Defensoria Pública do Distrito Federal. Ele foi solto após passar 27 horas na cadeia.

O juiz do caso observou que o processo havia sido iniciado em 2017, quando Ferreira tinha 12 anos, o que tornava altamente improvável que ele fosse o devedor da pensão alimentícia. Além disso, a ação tinha origem em São Paulo, cidade onde o jovem nunca esteve. O nome dele sequer era mencionado nos autos.

Em janeiro deste ano, o mandado de prisão foi expedido em Igarapé, Minas Gerais. Após ser questionado pela defesa de Ferreira e pela Defensoria Pública, o juiz que conduzia o caso confirmou que o mandado havia sido emitido de forma equivocada.

O defensor público Alexandre Fernandes Silva explicou que a falha pode ter ocorrido em Minas Gerais, São Paulo ou até mesmo por algum agente que inseriu os dados de Ferreira de forma errada no sistema de mandados de prisão.

“Se comprovou uma grande confusão judicial. Por que um número de processo de São Paulo gerou um mandado de prisão em Minas e foi cumprido aqui em Brasília?”, questionou o advogado de defesa do jovem, Marco Barbosa.

Preso por não pagar pensão, jovem ficou muito abalado

Ferreira foi preso no dia 28 de janeiro, em sua casa em Taguatinga, no Distrito Federal. Até a soltura determinada em audiência de custódia, o jovem passou 27 horas na cadeia e dividiu cela com outros 22 detentos.

A soltura foi determinada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. O juiz Rômulo Teles escreveu que “há grande probabilidade de fraude no mandado de prisão”.

“Ele ficou 27 horas preso, teve de dormir no chão, não se alimentou e também precisava de remédio, porque ele é muito ansioso. Inclusive ele teve uma crise [de ansiedade] lá dentro [da cadeia]. Hoje ele se encontra abalado emocionalmente, pelo trauma sofrido e busca por justiça”, relata o advogado Barbosa.

Conforme Ferreira descreveu à Record, foram os vizinhos que avisaram a mãe dele sobre a prisão. “Ela teve que acionar o advogado. Eu não tinha contato com ninguém. Agora estou aliviado, por estar livre, mas espero que as medidas necessárias sejam tomadas”, desabafa.

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) informou que vai abrir um procedimento administrativo para investigar o caso e a conduta dos juízes.

“O CNJ reconhece a gravidade do ocorrido e ressalta a importância da audiência de custódia, implementada em todo Brasil pelo próprio CNJ, na reparação imediata do erro. Além disso, devido a recorrentes inconsistências na inserção de informações pelos tribunais no BNMP, o CNJ estuda medidas para aperfeiçoar os procedimentos executados pelos tribunais.”

Fonte: ND+
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