Muitas famílias têm substituído as carnes por ovos para garantir a proteína no prato por um valor mais baixo. Com o aumento da demanda pelo produto, no entanto, o preço do ovo também subiu entre janeiro e fevereiro deste ano, com alta de 22% em Santa Catarina e até 40% no Brasil.
A dona de casa Adriana Semiano, de Florianópolis, levou um susto quando se deparou com os valores no supermercado. “A gente substituiu a carne e agora esse aumento exorbitante. Nós que somos mãe de família, mãe solo, o que vamos fazer?”, questiona.
“Temos que substituir por uma dúzia, até achar uma outra substituição. Enfim, a gente vai vivendo como pode, sobrevivendo”, disse em entrevista ao Balanço Geral Florianópolis.
A unidade do ovo, que custava cerca de 60 centavos em supermercados da capital catarinense, subiu para 90 centavos. Dessa forma, o preço de uma bandeja de 30 ovos passou de aproximadamente R$ 18 para R$ 27.
Uma das causas por trás da alta no preço do ovo é a onda de calor, que afeta a produtividade das galinhas. O analista de socioeconomia da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), Alexandre Luís Giehl, também destaca que o consumo per capita saltou de 242 unidades em 2023 para 269 no ano passado.
“Eu diria que os dois principais fatores são o aumento na demanda e a oferta muito ajustada à demanda do ano passado. A oferta não acompanhou e temos esse resultado que os consumidores estão vendo nas prateleiras dos supermercados”, aponta o analista da Epagri.
Onda de calor afeta produtividade de galinhas e o preço do ovo
Santa Catarina, porém, não é tão afetada pelo aumento dos preços como o restante do país, visto que a produção no estado é quase autossuficiente.
“Santa Catarina tem grande parte da demanda em produção interna, sentimos menos desse impacto. Como a gente tem uma demanda praticamente atendida pela produção interna, o efeito demorou muito mais para chegar aqui”, esclarece Alexandre Luís Giehl.
Ainda assim, o analista de socioeconomia da Epagri alerta que o preço do ovo deve continuar subindo nas próximas semanas devido à alta na demanda.
Os consumidores já buscam alternativas para substituir o produto. Jarbas Pinheiro, dono de uma barraca de lanches em Florianópolis, passou a comprar ovo em pó.
“A gente pagava 15, 16. Hoje está 26 reais, tanto que estou deixando de utilizar o ovo pelo ovo em pó. O ovo físico só para o lanche”, conta o comerciante.
“Na verdade, vai acabar no bolso do consumidor. Acaba repassando esse preço”, completa.
Em nota nesta terça-feira (18), a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) esclareceu que a alta registrada no preço do ovo é sazonal, comum no período anterior e durante a quaresma.
“Após longo período com preços em baixa, a comercialização de ovos aqueceu pela demanda natural da época, quando há substituição de consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos”, explica a ABPA.
“Ao mesmo tempo, as temperaturas em níveis históricos têm impacto direto na produtividade das aves, com reflexos na oferta de produtos”, afirma a nota.
A associação ainda ressalta o aumento nos custos de produção, com a alta de 30% no preço do milho e mais de 100% nos insumos de embalagens. A expectativa é que o preço do ovo se normalize até o final da quaresma, em abril.
Data de validade em ovos será obrigatória a partir de março
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A impressão da data de validade em ovos vendidos a granel ou em bandejas sem plastificação será obrigatória a partir de março no Brasil. O carimbo deverá conter também o número de registro do estabelecimento produtor.
A medida do Ministério da Agricultura visa aumentar a rastreabilidade e a segurança sanitária do produto. A regra não se aplica a ovos vendidos em estojos ou bandejas plastificadas com rotulagem completa, comuns em supermercados.
A expectativa é que a nova regra traga mais transparência ao setor e ajude a fortalecer a confiança do consumidor, além de facilitar a fiscalização por parte das autoridades sanitárias.