
A estiagem que atinge diversos municípios da região também está afetando os produtores rurais de Maravilha. Visitamos a propriedade da família Wermuth, localizada na Linha Consoladora, a qual tem enfrentado desafios em várias frentes de produção. Durante a conversa, Irma Wemuth e Arli Pedro Wermuth relataram como a falta de chuva tem impactado no trabalho junto aos aviários, na produção de alevinos, no gado de corte e na produção de soja.
Com a escassez de água, os aviários da propriedade ficaram vazios e não há previsão de novo alojamento de frangos. O último lote de 45 mil frangos foi entregue no dia 20 de fevereiro. A decisão de não alojar um novo lote foi tomada devido ao custo e à logística envolvida na aquisição de água, sem contar as incertezas em relação a quantidade de tempo que seria necessária ficar adquirindo o recurso hídrico. A produção de alevinos também foi prejudicada, uma vez que os animais estão crescendo em um ambiente com água em quantidade insuficiente.

Além disso, o gado de corte enfrenta dificuldades com o abastecimento de água e pastagem, castigada pelo tempo seco. A falta de chuvas também afetou a colheita de soja. "Não chove para ‘mexer a água’ desde dezembro de 2024", relatou o produtor, destacando que, embora o sistema de cisterna da propriedade seja robusto, ele já está vazio devido à falta de chuvas. As fontes da propriedade são protegidas, mas não têm mais fornecido água suficiente, e a pequena sanga que passava pelo local está praticamente seca, com apenas algumas poças.
Em termos de prejuízos financeiros, ainda não há uma estimativa precisa, mas os danos à renda dos produtores são evidentes.

De acordo com o meteorologista Piter Scheuer, desde o início de março até o presente momento, a cidade de Maravilha recebeu o aproximado de 8mm de chuva, um valor muito abaixo da média para o período.
O meteorologista também prevê que as chuvas começarão a se normalizar vagarosamente a partir de abril, com um aumento na frequência, volume e distribuição das precipitações, especialmente durante a transição das frentes frias. “É uma neutralidade que nós temos no oceano pacífico equatorial, mas com viés de La Niña ainda. Só que a neutralidade só vai começar a ser respondida pela atmosfera ao longo do mês de abril e início de maio”, explica.
O secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Maravilha, Gilson Farinon, informou que sua equipe está acompanhando de perto a situação. Levantamentos estão sendo realizados e ele observa que praticamente todas as comunidades rurais do município estão sofrendo as consequências da falta de água. Para ajudar os produtores locais, está sendo feito um trabalho para auxiliar no transporte de água, onde o produtor compra a carga do recurso hídrico e a Administração Municipal, através da Secretaria de Obras, transporta gratuitamente. Quem deseja obter este auxílio pode alinhar o transporte junto a Pasta de Obras.
A Secretaria Municipal de Agricultura também possui dentre os programas, o auxílio para proteção de fontes, onde além da ajuda de custo de R$600,00, no momento estão sendo fornecidos tubos e o trabalho de um técnico para fazer levantamento do local. Outra ação, é o auxílio de abertura de bebedouros em situações de extrema necessidade.
De acordo com a Defesa Civil, em Santa Catarina 21 municípios decretaram situação de emergência, e este número pode aumentar.