
"É um ato grandioso!"
Assim, Dalva Elena Metz Fenner, de 61 anos, define os núcleos familiares que se disponibilizam a fazer parte da rede de Famílias Acolhedoras cadastradas para atender crianças e adolescentes afastadas do convívio da família de origem por determinação de ordem judicial. Em Maravilha, os acolhidos permanecem junto às residências das Famílias Acolhedoras em um ambiente que busca incentivar uma rotina familiar, mantendo as tarefas do dia a dia, mesmo diante de um momento delicado. O convívio através do Serviço de Acolhimento é realizado até que o retorno para a família de origem seja viabilizado ou, em caso de impossibilidade desta situação, o acolhido é encaminhado para adoção, situações que são decididas exclusivamente pelo Poder Judiciário.
Após se aposentar do trabalho realizado na área de saúde, dona Dalva seguiu movida pela vontade de ajudar o próximo. Em 2017, ao ouvir no rádio sobre a busca por Famílias Acolhedoras em Maravilha, buscou saber mais sobre a iniciativa e conversou com seu marido e os dois filhos já maiores de idade. Recebeu total apoio nesta missão e, desde então, 16 crianças já foram acolhidas em sua casa. “Cada criança que passa deixa um aprendizado e transforma a família da gente para melhor”, revela emocionada, relembrando as diversas vezes que foi surpreendida por gestos de carinho, onde o cuidado entre acolhido e Família Acolhedora emanam demonstrações de reciprocidade.
Trata-se de uma missão nobre e ao mesmo tempo desafiadora. Contudo, as famílias habilitadas podem contar com o suporte da equipe responsável por este serviço, a qual é vinculada à Secretaria Municipal de Assistência Social. Os integrantes das Famílias Acolhedoras participam de capacitações contínuas e encontros frequentes para trocar experiências. Os acolhidos também recebem os serviços de atendimento à saúde, preparo e acompanhamento emocional, e acesso à educação e lazer.
Embora o acolhimento seja por um período temporário, ele não é visto como um capítulo em branco na história destas crianças e adolescentes. Por isso, a Secretaria de Assistência Social promove o projeto “Minha Vida Dá Um Livro”, onde entrega o livro com páginas em branco para o acolhido relatar seu dia a dia junto da Família Acolhedora. Para Dalva este processo é muito positivo, pois no livro as crianças e adolescentes registram além de memórias, sentimentos que ajudam a compreender suas emoções. As páginas ganham o colorido de fotos tomando sorvete, o registro da ida ao dentista, desenhos e pinturas, enfim, diversos acontecimentos que, por menores que pareçam, contribuem para despertar o sentimento de pertencimento. Depois, este livro fica com o acolhido.
