O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) nesta quarta-feira (4). O pedido foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na tarde de terça-feira (3), após ela anunciar que deixou o Brasil.
Além da prisão, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu o cancelamento dos passaportes de Zambelli e a inclusão da parlamentar na lista de difusão vermelha da Interpol. Na terça-feira, ela anunciou que está passando por um tratamento médico nos Estados Unidos, pretende se mudar para a Itália e pedirá licença do cargo.
A deputada responde a dois processos no STF. Em um deles, Zambelli foi condenada por unanimidade pela Corte a 10 anos de prisão, além da perda do mandato na Câmara dos Deputados, pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em outro, ela responde por perseguir um homem com uma pistola na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
Em entrevista à CNN, Zambelli disse que tem passaporte italiano e que ela é "intocável" no país:
— Tenho cidadania italiana e nunca escondi. Se tivesse alguma intenção de fugir, eu teria escondido esse passaporte (...) Como cidadã italiana, eu sou intocável na Itália, não há o que ele (Moraes) possa fazer para me extraditar de um país onde eu sou cidadã, então eu estou muito tranquila quanto a isso.
Atuação política na Europa
Em live no YouTube na manhã de terça-feira, Carla Zambelli anunciou que deixou o Brasil há alguns dias e que vai pedir licença não remunerada do mandato na Câmara dos Deputados. Neste caso, quem pode assumir a cadeira é o suplente, Coronel Tadeu.
A princípio, ela disse que saiu do Brasil para buscar tratamento médico. À CNN, a parlamentar disse que tem "questões de saúde conectadas com à síndrome de Ehlers-Danlos". A condição hereditária rara afeta o tecido conjuntivo — responsável por dar sustentação, firmeza e elasticidade ao corpo.
Entretanto, afirmou que vai morar na Europa, onde diz ter cidadania, para poder atuar pelo fortalecimento da direita nos países da região e para denunciar o STF junto à comunidade internacional, assim como fez o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Ela disse que vai "resistir, voltar a ser a Carla que eu era antes das amarras que essa ditadura nos impôs".
— Lá (na Europa), a gente precisa de alguém que fale espanhol para conversar na Espanha, português para falar em Portugal, inglês para conversar com a Inglaterra. Eu tenho um italiano ainda não tão bom, mas vou desenvolver meu italiano. Quero estar nos principais lugares, falar com o povo francês. Em cada lugar, temos pessoas que podem lutar por nós — afirmou a deputada.
Advogado deixa a defesa de Carla Zambelli
Zambelli delegou a administração de suas páginas nas redes sociais à mãe, Rita Zambelli. Antes de viajar, ela também emancipou o filho de 17 anos para que ele possa se candidatar nas eleições do ano que vem e herdar o seu espólio eleitoral.
O advogado Daniel Bialski deixou a defesa da deputada após a informação vir a público. Ele afirmou que abandonou o caso por "motivo de foro íntimo".
"Eu fui apenas comunicado pela deputada que estaria fora do Brasil para dar continuidade a um tratamento de saúde. Todavia, por motivo de foro íntimo, estou deixando a defesa da deputada, como já lhe comuniquei", informou em nota o advogado.