
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, determinou o retorno ao regime fechado de Iraci Nagoshi, 72 anos, e Vildete Guardia, 74, condenadas por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A decisão foi motivada por sucessivas violações às regras da prisão domiciliar, monitoradas por tornozeleira eletrônica.
Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo, Iraci violou as condições da prisão domiciliar mais de 900 vezes só em 2025. Os registros incluem saídas não autorizadas, queda de sinal do GPS e bateria descarregada da tornozeleira. Em 2 de junho, foram identificadas 40 ocorrências em um único dia.
Na decisão assinada em 16 de julho, Moraes afirmou que a ré “vem descumprindo reiteradamente” as regras impostas, com deslocamentos não autorizados para “atividades recreativas como musculação, hidroginástica e pilates”. Para o ministro, esses episódios demonstram “desprezo pela pena imposta e pelo próprio sistema jurídico”.
O STF já havia advertido Iraci em duas ocasiões — em outubro de 2024 e janeiro de 2025 — sobre o risco de revogação da domiciliar. À época, a defesa alegou que as saídas tinham como destino sessões com psicólogos e fisioterapeutas.
Moraes aceitou as justificativas, mas determinou que novos deslocamentos deveriam ser previamente autorizados. Apesar do alerta, os registros de infração continuaram.
O filho de Iraci contesta os números. À Gazeta do Povo, disse que os dados apresentados pela Corte “são absurdos” e “não condizem com a realidade”.
Vildete Guardia também voltou ao regime fechado
No caso de Vildete Guardia, o monitoramento apontou descumprimento das condições da domiciliar em ao menos 20 datas diferentes. A idosa havia deixado a penitenciária anteriormente por motivos de saúde, com autorização do STF. No entanto, um novo laudo médico indicou que ela tem condições de permanecer em unidade prisional.
Com base na avaliação médica e nas violações registradas, Moraes revogou a domiciliar em 7 de julho. Segundo um advogado próximo à família, Vildete retornou ao regime fechado em 14 de julho.
O advogado Jaysson França, que representa as duas condenadas nos atos de 8 de janeiro, afirmou à Revista Oeste que as falhas ocorreram por motivos técnicos e que a Justiça foi informada previamente. A reportagem do UOL também tentou contato com o defensor. Caso ele se manifeste, o texto será atualizado.
Moraes rebate narrativa de injustiça após condenações do ato de 8 de janeiro
Durante julgamento no STF que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado, Moraes reagiu à narrativa de que o tribunal estaria condenando injustamente “senhorinhas religiosas”.
“O STF estaria condenando ‘velhinhas com a Bíblia na mão’ que estariam passeando num domingo ensolarado pelo Supremo Tribunal Federal, pelo Congresso Nacional e pelo Palácio do Planalto. Nada mais mentiroso do que isso”, afirmou o ministro.
“O STF estaria condenando ‘velhinhas com a Bíblia na mão’ que estariam passeando num domingo ensolarado pelo Supremo Tribunal Federal, pelo Congresso Nacional e pelo Palácio do Planalto. Nada mais mentiroso do que isso. Seja porque ninguém lá estava passeando, e as imagens demonstram isso, seja pelas condenações”, disse Moraes.