INVESTIGAÇÃO! - 26/07/2025 23:03

Operação Entre Lobos: número de possíveis vítimas chega a 330 e pode aumentar ainda mais

A ação foi deflagrada na última terça-feira (22/7) pelo GAECO, em apoio à Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo, e revelou um esquema interestadual de estelionato contra idosos, com atuação em pelo menos cinco estados
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Imagem: MPSC |

Em menos de três dias, o número de possíveis vítimas da organização criminosa desarticulada na Operação Entre Lobos saltou de 215 para 330 um aumento de mais de 50%. A ação foi deflagrada na última terça-feira (22/7) pelo GAECO, em apoio à Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo, e revelou um esquema interestadual de estelionato contra idosos, com atuação em pelo menos cinco estados.

O Ministério Público recebeu 115 novas denúncias desde o início da operação. O número pode crescer ainda mais, considerando o grande volume de ações revisionais ajuizadas por um escritório de advocacia vinculado aos investigados. As vítimas devem procurar a Delegacia de Polícia Civil mais próxima ou entrar em contato com a Ouvidoria do Ministério Público ou diretamente com a Promotoria de Justiça de Modelo.

“É fundamental que todas as vítimas se manifestem para que a investigação possa dimensionar adequadamente o alcance dos crimes, identificar os lesados e garantir a devida reparação dos danos”, destaca o promotor Edisson de Melo Menezes.

Mandados e prisões em cinco estados

A operação cumpriu 13 mandados de prisão (oito preventivas e cinco temporárias) e 35 mandados de busca e apreensão em 12 municípios de Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul, Bahia e Alagoas. Dez investigados estão presos no Presídio de Chapecó. Outros três foram capturados fora do estado, incluindo dois em Salvador (BA) e um em Planalto (RS). Os três alvos detidos no Ceará permanecem custodiados em Fortaleza.

Durante a ação, foram apreendidos R$ 115,7 mil em espécie, 6,7 mil dólares e euros, sete veículos, além de duas armas e 60 munições. Também foram recolhidos 5,8 mil documentos, 18 computadores, 22 celulares e 17 mídias eletrônicas, que agora são analisados pelo MP.

Esquema sofisticado e voltado ao público idoso

A investigação, iniciada há quase um ano, revelou um esquema complexo de fraudes em cessões de crédito judicial, que tinha como alvo principal aposentados e idosos, com idade média de 69 anos. As vítimas eram abordadas em casa ou por meio da internet especialmente via um site ligado ao chamado Instituto de Defesa do Aposentado e Pensionista (IDAP), fachada usada pela organização.

Os criminosos induziam os idosos a assinarem ações revisionais de contratos bancários. Depois, sem conhecimento ou plena compreensão, as vítimas assinavam contratos de cessão de crédito por valores irrisórios, repassando seus direitos a empresas de fachada como Ativa Precatórios e BrasilMais Precatórios. Essas empresas, porém, estavam diretamente ligadas ao mesmo escritório jurídico que comandava a operação.

Casos analisados mostram a disparidade dos valores:

Uma vítima com crédito judicial de R$ 146 mil recebeu apenas R$ 2,5 mil — 1,71% do valor.

- Outra, com direito a R$ 117 mil, recebeu R$ 2,5 mil — 2,12% do total.

- Um terceiro caso envolveu um crédito de R$ 115 mil, com apenas R$ 2 mil pagos — 1,73% do valor.

Montantes desviados superam R$ 6 milhões

Apenas com a Ativa Precatórios, sediada em Pinhalzinho/SC, a Justiça liberou R$ 924,4 mil, dos quais apenas R$ 91,6 mil foram repassados às vítimas um repasse de apenas 9,91%. Já com a BrasilMais Precatórios, de Fortaleza/CE, os desvios foram ainda maiores: R$ 5,1 milhões liberados, com apenas R$ 503,7 mil pagos, ou 9,86% do total.

Ao todo, o esquema movimentou mais de R$ 6 milhões liberados judicialmente, com as vítimas recebendo menos de 10% dos valores que lhes eram devidos.

Planilhas apreendidas detalham a divisão dos lucros, comissões, investimentos e repasse entre os integrantes, demonstrando o nível de organização da quadrilha. Registros de procurações e substabelecimentos mostram como os criminosos extrapolavam a função de advogado para ocultar sua atuação por trás das empresas de fachada.

“Os dados evidenciam que se trata de uma organização estruturada, com atuação em diversos estados. O Ministério Público busca responsabilizar os envolvidos e garantir a reparação às vítimas”, afirma o promotor Wilson Paulo Mendonça Neto, coordenador estadual do GAECO.

Fonte: SCC
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