
Santa Catarina deve ser o principal estado da região Sul e o quatro do país a sofrer com os impactos do ‘tarifaço’ de Trump, que entra em vigor a partir desta sexta-feira (1º).
]Pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta que, se o imposto de 50% sobre a exportação for aplicado, o estado deverá ter uma quebra de R$ 1,7 bilhão, com a segunda maior queda no PIB em 2025.
O levantamento da CNI se baseia em dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e o recorte estadual foi divulgado nesta quarta-feira (30) pela Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina).
A CNI estima que, caso entre em vigor, o tarifaço de Trump pode ocasionar perdas de R$ 19 bilhões para os estados brasileiros, além da redução de 110 mil postos de trabalho, 0,16% do PIB nacional e de provocar uma queda de 0,12% na economia global, com retração de 2,1% no comércio mundial.
Santa Catarina poderá ter prejuízo bilionário, projeta CNI
Em todo ano de 2024, Santa Catarina foi responsável por 41% de toda madeira brasileira exportada para os Estados Unidos. O país é o principal destino de produtos produzidos no estado e derivados dessa matéria-prima. O setor deve ser o setor mais afetado pelo tarifaço de Trump.Segundo a CNI, os Estados Unidos têm importância de 99% para a indústria da transformação de diversos estados brasileiros, incluindo Santa Catarina. Esta área é responsável pela venda de produtos acabados ou semi-prontos, como portas, soleiras, madeira de coníferas, perfilada e compensados, principais itens produzidos em Santa Catarina e enviados ao país norte-americano.
Partes de motores e motores elétricos de corrente alternada também estão entre os principais itens catarinenses de exportação aos Estados Unidos, e que devem sofrer com o tarifaço de Trump. Conforme estimativa da CNI, as taxas podem representar uma queda de 0,31% no PIB (Produto Interno Bruto) catarinense.
Estados Unidos também são fonte de insumos para Santa Catarina
O relatório da CNI mostra que, ao longo de 2024, o estado importou US$ 2.221 bilhões (R$ 12,38 bilhões na conversão atual) em insumos dos Estados Unidos, colocando o país na terceira colocação entre os principais fornecedores catarinenses.
Dentre os principais setores, estão produtos químicos, veículos automotores, máquinas e equipamentos, e farmoquímicos e farmacêuticos. Os principais produtos importados são polietileno de densidade e copolímeros de etileno e alfa-olefina.
Tarifaço de Trump representa prejuízo bilionário para Sul e Sudeste
Em termos de impacto financeiro, os estados do Sudeste e do Sul serão os mais prejudicados. O estado de São Paulo, maior economia brasileira, deve liderar o prejuízo provocado pelo tarifaço de Trump, com perdas estimadas em R$ 4,4 bilhões e uma queda de 0,13% no PIB.
Segundo estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em 2024, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações paulistas, com 19% de tudo que o estado exportou no ano. Além disso, 92,1% do que o estado vendeu ao país veio da indústria de transformação.
Logo atrás, está o Rio Grande do Sul, com retração estimada em R$ 1,917 bilhão no PIB. Os Estados Unidos são o terceiro maior destino de exportações gaúchas, representando 8,4% do total exportado. No caso do Paraná, o país norte-americano também é terceiro destino comercial. Em 2024, 6,8% do que o estado exportou teve esse mercado como destino, sendo 97,5% provenientes da indústria de transformação.
O PIB paranaense pode perder R$ 1,914 bilhão com o tarifaço de Trump. Em quinto lugar, Minas Gerais pode amargar perdas de R$ 1,6 bilhão (-0,15% no PIB). A participação da indústria nas exportações aos EUA foi de 66,1% em 2024. Os Estados Unidos são o terceiro principal destino das vendas externas do estado.