SEGURANÇA - 16/08/2025 22:17

Brasil registra 380 mil acidentes de trabalho e quase 1.700 mortes no 1º semestre de 2025

Houve crescimento de quase 9% nos acidentes de trabalho e de 5,63% nas mortes em relação ao mesmo período de 2024
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MTE estima que acidentes de trabalho possam gerar perda de até 4% do PIB nacional ao ano – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A legislação brasileira define os acidentes de trabalho como o que ocorre durante o exercício da atividade profissional a serviço da empresa, resultando em lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte ou perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade laboral.

De acordo com dados do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), o Brasil contabilizou 380.376 acidentes de trabalho e 1.689 mortes no primeiro semestre de 2025.

O levantamento aponta o Rio Grande do Sul como líder em ocorrências por 100 mil trabalhadores, com 1.087 registros. Na sequência, aparecem Santa Catarina, com 1.047, Paraná, com 955 e Espírito Santo, com 944.

Em relação ao mesmo período de 2024, houve crescimento de quase 9% nos acidentes de trabalho e de 5,63% em mortes. O MTE estima que acidentes de trabalho possam gerar perda de até 4% do PIB nacional ao ano.

Números acendem alerta com acidentes de trabalho em 2025

Esses números acendem alerta com acidentes de trabalho em 2025 sobre o avanço de registros nos últimos anos e evidencia fragilidades na gestão de segurança e a necessidade de fortalecer políticas públicas.

Algumas das profissões com mais mortes durante o horário de trabalho são:
- Motorista de caminhão
- Trabalhador de cultura de cana-de-açúcar
- Pedreiro
- Servente de obras
- Vaqueiro e
- Técnico de enfermagem

Foi o caso de uma trabalhadora, afastada pelo INSS desde janeiro deste ano. Ela passou por um episódio em que o chefe não a deixou ir ao banheiro e acabou urinando na roupa.

Segundo ela, o episódio foi constrangedor. “Me senti humilhada com toda a situação. Fui ao médico do trabalho, que me encaminhou ao psiquiatra”, conta a mulher, que não quis se identificar. A trabalhadora foi diagnosticada com depressão e fobia social — condições que levaram ao afastamento.

No conceito de acidentes de trabalho entram também as doenças ocupacionais, provocadas ou agravadas pelo exercício de funções específicas e o acidente de trajeto, ocorrido no percurso de ida ou volta entre a casa e o local de trabalho.

Taxa de acidentes preocupa governo

Desde 2021, o Brasil registra alta contínua em acidentes de trabalho. De acordo com o MTE, a variação foi de 12,63% entre 2021 e 2022; 11,91% de 2022 para 2023; e 11,16% entre 2023 e 2024.

Embora o ritmo de crescimento tenha diminuído, a tendência segue em elevação, ampliando a preocupação das autoridades e reforçando a necessidade de prevenção.

Para o advogado trabalhista Luis Gustavo Nicoli, o aumento resulta de múltiplos fatores. Ele explica que o crescimento expressivo nos acidentes de trabalho revela desde a falta de investimentos em segurança por parte de algumas empresas, até a precarização das relações de trabalho e o aumento da informalidade.

“Além disso, a pressão por produtividade sem o devido suporte técnico agrava os riscos. Também há um aspecto positivo nisso: com a digitalização e maior fiscalização, estamos registrando mais ocorrências que antes passavam despercebidas”, afirma.

Impacto econômico

O advogado destaca que os acidentes comprometem a competitividade das empresas e sobrecarregam o Estado.

“Estamos falando de perdas de produtividade, aumento nos custos com afastamentos e benefícios previdenciários, além da judicialização das relações de trabalho. A prevenção, nesse cenário, deixa de ser somente uma obrigação legal, ela passa a ser uma medida de inteligência econômica”, diz.

Em 2025, a maioria dos acidentes de trabalho resultou em afastamento. Do total, 25,62% dos acidentados seguiram trabalhando, 62,35% ficaram afastados por até 15 dias e 12,03% por mais de 15 dias.

Prevenção exige mudança cultural

Luis Gustavo Nicoli diz que o combate à alta dos índices depende de uma transformação cultural, através de fiscalização orientativa, programas preventivos voltados às micro e pequenas empresas.

“Políticas públicas devem fomentar programas de prevenção nas empresas, sobretudo nas micro e pequenas, que muitas vezes não têm estrutura técnica”, aponta.

Ele acrescenta que campanhas nacionais devem envolver trabalhadores para consolidar uma cultura efetiva de segurança. “Sem isso, vamos continuar enxugando gelo.”

Entre as medidas de prevenção, o advogado pontua treinamentos frequentes, uso correto de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), manutenção de máquinas e liderança comprometida com a segurança.

“Riscos existem, mas precisam ser mapeados, controlados e comunicados. Não dá para eliminar todos os riscos, mas é possível reduzir drasticamente os acidentes e garantir segurança jurídica e bem-estar para quem trabalha.”

Fonte: ND+
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