
Para a juíza Naiara Brancher, a maioria das vítimas de violência fatal não se entende como tal. "É importante que a gente pense que a medida protetiva de urgência é fundamental para cessar a escalada de violência. Os números mostram que o pedido de medida protetiva pode salvar uma vida", destacou a juíza.
Em um cenário de aumento da violência, Santa Catarina também foi o segundo estado brasileiro com a maior taxa de descumprimento de medidas protetivas em 2024, segundo o Anuário da Violência. Com 93,6 casos a cada 100 mil mulheres, o estado ficou atrás apenas do Rio Grande do Sul. O descumprimento de medidas é considerado crime desde 2018, com pena de três meses a dois anos de detenção.
"Se há um número maior de mulheres que buscam o auxílio da justiça, é porque a violência de fato está crescendo", avaliou a juíza auxiliar da presidência, Maira Salete Meneghetti.
Apenas em 2025, 28,93% de todos os processos criminais julgados em Santa Catarina foram relacionados à violência doméstica. Segundo o TJSC, foram 23.416 sentenças entre janeiro e julho, uma média de mais de 110 por dia.
O número de condenações por feminicídio e tentativa de feminicídio também aumentou. O TJSC condenou 106 pessoas nos primeiros sete meses de 2025, um aumento de quase 35% em comparação com o ano anterior. No mesmo período, 26 mulheres foram assassinadas em razão de gênero em Santa Catarina, segundo o Observatório da Violência Contra a Mulher.
A escalada da violência se reflete nos dados locais. De acordo com o delegado Thiago Gomez, que respondia pela Delegacia de Proteção à Mulher, Criança e Adolescente (DPCAMI), em São Miguel do Oeste, os casos de violência doméstica em 2025 já se aproximam do total registrado em todo o ano de 2024. Segundo ele, foram cerca de 600 ocorrências no ano passado, e o número já ultrapassa 450 até agosto deste ano.