
Os socorristas que choraram em meio ao acidente que matou uma criança de seis anos, há seis dias, realizaram um parto de emergência na PR-418, em Curitiba, no Paraná. Os dois casos aconteceram na mesma rodovia. Na terça-feira (21), a equipe trouxe a pequena Ayla Maria ao mundo durante uma corrida até a maternidade.
De acordo com as informações do g1, foi a primeira vez que a equipe de socorristas da Via Araucária realizou um parto. Para a enfermeira Cíntia Aparecida Fabiano, o motorista socorrista Fernando Basso e o médico David Valero, o momento foi marcado por muita emoção.
— Perder uma vítima nunca agrada uma equipe. São vidas. A gente lida com vidas todo dia. E o contraponto desse momento triste foi a vida que acabou nascendo em nossas mãos ali na beira da rodovia. Foi uma alegria e tanto. Para nós, que sofremos uma semana antes com uma perda, foi revigorante e um incentivo para continuar salvando mais gente — afirma Fernando Basso.
Corrida até a maternidade parou no meio do caminho
Ao g1, Maria Aparecida Neves Chaves, mãe de Ayla, explicou que o nascimento da bebê estava previsto para acontecer somente no último dia do mês, em 31 de outubro. No entanto, a bolsa estourou na terça feira e mobilizou a família até a maternidade.
Quem acompanhou a mãe em apuros foi a avó da bebê, Elenilza Neves, que chamou um carro por aplicativo para ir até o hospital.
— Eu ainda falei para o motorista: “A gente está indo para a maternidade, vai ser tudo ou nada”, só que eu não imaginava que o bebê nasceria no meio do caminho. Eu pensei que a gente ia conseguir chegar na maternidade — conta a avó.
Durante o trajeto, policiais abriram caminho em meio ao trânsito da PR-418 para o veículo. Ao mesmo tempo, os socorristas da Via Araucária foram acionados. Além da surpresa do parto na rodovia, foi junto com a equipe que Maria Aparecida descobriu o sexo da criança.
— Deus deu essa bênção para nós de trazer uma vida ao mundo. Eu sou pai e esse atendimento da semana passada, para mim foi bem traumático, mas agora a gente recebeu a bênção de um atendimento totalmente diferente — afirma o médico David Valero.
Relembre o caso
Em 15 de outubro, os socorristas foram flagrados chorando após atenderam um acidente com a morte de uma criança de 6 anos no Paraná. A equipe tentou salvá-la, mas ela não resistiu e morreu no local da batida.
— (A repercussão) Serviu para as pessoas verem que por trás de uma farda tem pessoas, tem corações… A gente tem família, tem filhos, então a gente sente a emoção de cada ocorrência. A gente está aqui para contemplar a vida e para fazer o nosso melhor sempre — compartilhou a enfermeira da equipe.
Socorristas choram pela morte de criança em batida entre caminhões no Paraná https://t.co/75sUkpi3tQ #g1 pic.twitter.com/t2SUNGlSIm
Conforme informações do g1, o acidente envolveu dois caminhões. A criança estava em um dos veículos com o pai, que acabou colidindo na traseira do outro caminhão.
— Tudo indica que o trânsito estava parado e acabou havendo essa colisão traseira. Foi uma colisão bem forte, com uma destruição total da cabine do caminhão — disse o sargento Batista ao g1.
A criança chegou a ser atendida no local, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Ainda conforme o sargento, o pai da vítima ficou extremamente abalado e precisou ser levado ao hospital para receber atendimento psicossocial.

