
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está no centro de uma controvérsia política após seu dirigente nacional, João Pedro Stédile, declarar que o movimento e organizações populares da América Latina planejam enviar militantes à Venezuela em solidariedade a Nicolás Maduro, diante das ameaças de intervenção militar dos Estados Unidos.
Em entrevista à rádio BdF na última semana, Stédile afirmou:
“Nós vamos fazer reuniões e já estamos fazendo consultas para organizar brigadas internacionalistas de militantes de cada um dos nossos países para ir à Venezuela e nos colocarmos à disposição do governo e ao povo venezuelano”.
O dirigente esclareceu que a intenção não é enviar militantes para combate, mas sim para apoiar o povo venezuelano em tarefas como a produção de alimentos, mencionando a possibilidade de "plantar feijão e fazer comida para os soldados".
Requerimento de Investigação
As declarações de Stédile motivaram uma reação imediata no Congresso Nacional. O deputado federal Evair Vieira de Mello (PP-ES) apresentou um requerimento na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara solicitando que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Federal (PF) investiguem o MST.
O deputado argumenta que a mobilização do MST configura uma "grave afronta à soberania nacional e à Constituição Federal" e chamou a ação de "traição à Pátria".
Fundamentação Legal: O requerimento cita a possível violação dos artigos 359-L e 359-I do Código Penal (que tratam de colaboração com governo estrangeiro contra a segurança nacional) e o artigo 288 (associação criminosa).
Crítica: "O MST há muito deixou de ser um movimento social. Hoje é uma organização de viés criminoso, que desafia a lei, invade propriedades e agora pretende exportar sua militância para servir a uma ditadura estrangeira. Isso é traição à Pátria”, declarou Evair de Mello.
O requerimento será avaliado pela comissão nesta quarta-feira (29).
Presença do MST na Venezuela
O portal do movimento Sem Terra informa que o MST já possui atuação na Venezuela desde 2006, por meio da Brigada Apolônio de Carvalho. O trabalho é realizado em parceria com o Ministério da Agricultura e o Ministério das Comunas venezuelano, focando em:
Produção agroecológica e soberania alimentar.
Formação política e trabalho cooperativo.
Intercâmbio de estudantes de medicina.
O debate sobre a mobilização do MST ocorre em meio à pressão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que tem indicado a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela contra o regime de Maduro.

