
A facção criminosa alvo de uma megaoperação com mais de 60 mortos no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (28), tem braços e atuação em Santa Catarina. Segundo fontes da Polícia Civil ouvidas pela reportagem, a ligação está baseada principalmente no apoio logístico de criminosos em SC para o grupo carioca, com fornecimento, principalmente, de drogas e armas. Além disso, de acordo com policiais, foragidos do bando procurados pelas autoridades tentam encontrar refúgio em solo catarinense.
Um exemplo disso é a prisão, no mês passado em Florianópolis, de um homem apontado como responsável por enviar fuzis e munições para a facção do RJ. As investigações apontam que o grupo atuava desde 2021 comprando o material no Rio Grande do Sul e depois enviando a comunidades como o Complexo da Penha, um dos locais alvo da operação nesta terça-feira (28).
Em 2022, um jovem de Navegantes foi preso com 720 quilos de cocaína. O material estava em um apartamento em Balneário Piçarras, no Litoral Norte de Santa Catarina, e seria levado para o Rio de Janeiro. As autoridades acreditam que o rapaz, que admitiu à polícia ser contratado para armazenar a droga, tinha ligação com a facção carioca. Segundo fontes da polícia, o grupo do RJ tem “amizade” com uma facção catarinense e atua “em cooperação”.
Investigadores revelam, ainda, que são frequentes as prisões em Santa Catarina de criminosos vindos de outros estados com ligação à facção carioca. Muitos deixam suas regiões para sair do alvo das autoridades por causa de mandados de prisão e, até, fugindo de rivais. Em SC, contam as fontes ouvidas pela NSC, usam documentos falsos para tentar passar despercebidos, mas são desmascarados pelas investigações.
Foi isso que ocorreu, em Indaial, no Vale do Itajaí, no começo do ano passado. Um homem chegava para deixar o filho na creche quando foi morto a tiros. A criança e a esposa dele também se feriram. Os assassinos foram presos horas mais tarde, em São Paulo. Todos tinham ligação com a facção carioca. O homem morto, inclusive, era foragido da Justiça por homicídio, e a suspeita é de que ele tenha trocado de grupo criminoso, o que teria motivado a execução.
Caos no Rio de Janeiro
A megaoperação desta terça-feira nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, se tornou a mais letal da história. Ao menos 64 mortes foram confirmadas até o início da noite, incluindo dois policiais civis e dois policiais militares. Outras 81 pessoas foram presas e 2,5 mil agentes de segurança foram envolvidos para o cumprimento dos mandados contra integrantes da facção carioca.

