TRISTE ESTATÍSTICA - 29/11/2025 07:58

Mais de 3,5 milhões de brasileiras sofreram violência doméstica ou familiar em 2025

Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher foi divulgada na quinta-feira (27) pelo DataSenado
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Catarina Kasten foi estuprada e morta em trilha em Florianópolis; câmera flagrou suspeito — Foto: Reprodução

O assassinato de Catarina Kasten, encontrada morta em uma trilha de Florianópolis no dia 21 de novembro, reacendeu o alerta sobre a violência contra a mulher no Brasil. O caso, marcado por extrema brutalidade, veio à tona na mesma semana em que o DataSenado divulgou dados que mostram a dimensão da crise: 3,7 milhões de mulheres sofreram violência doméstica e familiar em 2025.

O levantamento, publicado nesta quinta-feira (27), faz parte da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, que completa 20 anos e é hoje a mais longa série histórica sobre o tema no país. A consulta ouviu mais de 21 mil brasileiras entre maio e julho deste ano.

Agressões começam cedo e muitas convivem com o agressor

Conforme a pesquisa, 17% das vítimas ainda viviam com o agressor no momento da entrevista. Além disso, 38% relataram que sofreram a primeira agressão antes dos 19 anos, o que evidencia a precocidade da violência e a permanência do ciclo ao longo da vida.

O dado de que 33% das mulheres vivenciaram algum tipo de violência no último ano — mesmo que parte delas não se reconheça como vítima — reforça a normalização de comportamentos abusivos e a dificuldade de identificar situações de risco.

Violência na frente de crianças e pouca ajuda

Entre as vítimas, 71% afirmaram que havia crianças presentes durante as agressões, muitas delas filhos ou filhas da própria vítima. A recorrência também chama atenção:

- 60% sofrem violência há menos de seis meses;

- 21% convivem com agressões há mais de um ano.

Além disso, em 40% dos casos, mesmo havendo testemunhas, ninguém ofereceu ajuda. A violência digital também cresce: 10% relataram ataques on-line, como mensagens ofensivas, perfis falsos e invasão de contas.

Raiz estrutural e urgência de políticas públicas

Para a promotora de Justiça Chimelly Marcon, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica do Ministério Público de SC, os números evidenciam que a violência é resultado de desigualdade de gênero e relações de poder assimétricas, perpetuadas socialmente.

— O ciclo da violência continua se reproduzindo em larga escala, levando mulheres a situações de risco extremo. Precisamos de respostas rápidas, políticas robustas e investimento permanente em prevenção — afirma.

A promotora destaca ainda que crimes ocorridos em espaços públicos, como o de Catarina, não podem ser usados para responsabilizar as vítimas, mas sim para reforçar a necessidade de ações inteligentes de segurança, com iluminação adequada, monitoramento e atuação integrada das forças de segurança.

— As mulheres têm direito de ocupar todos os espaços com tranquilidade e segurança. A resposta não é restringir a circulação feminina, e sim garantir que elas possam viver plenamente — completa.

Santa Catarina segue entre os estados que mais matam mulheres

Santa Catarina voltou a registrar números elevados de feminicídios em 2025. Entre janeiro e outubro, 38 mulheres foram mortas por razão de gênero. Em novembro, outros nove feminicídios foram contabilizados, tornando o mês o mais letal do ano.

Histórico recente de feminicídios no Estado:

2020 – 57
2021 – 55
2022 – 57
2023 – 57
2024 – 51
2025 – 47 (até novembro)

A presidente da Comissão Nacional de Combate à Violência Doméstica da OAB, Tammy Fortunato, destaca que SC integra o “top 10” dos estados com maiores índices de feminicídio.

— São números que assustam. Mesmo quando não consumado, há um alto volume de tentativas. Ele tentou matar — e isso já mostra o risco extremo em que essas mulheres vivem — afirma.

Entenda o caso Catarina

Catarina saiu de casa por volta das 6h50min para uma aula de natação, mas não chegou ao destino. Pouco depois do meio-dia, seu companheiro foi alertado sobre pertences encontrados na trilha da Praia do Matadeiro, no Sul da Ilha. Ao perceber que ela não havia comparecido à aula, acionou a polícia.

Buscas foram iniciadas por equipes policiais e pela comunidade. Pouco depois, dois homens avisaram sobre um corpo na trilha. Câmeras de segurança da região registraram a circulação de um homem em horários compatíveis com os da vítima.

Catarina foi encontrada com sinais de violência sexual e morreu por asfixia, segundo a Polícia Civil. O suspeito confessou o crime em depoimento, afirmando que voltava de uma festa quando abordou e atacou a vítima.

Um alerta que exige resposta

Com dados crescentes e casos de grande repercussão, especialistas reforçam que o combate à violência de gênero exige ação permanente do Estado, atenção da sociedade e fortalecimento das políticas de prevenção e acolhimento, desde a infância até a vida adulta.

A tragédia de Catarina se soma a milhões de histórias que mostram que a violência contra a mulher segue como um dos mais graves problemas sociais do país — e que enfrentá-la é urgente.

Fonte: NSC
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