MEIO AMBIENTE - 19/07/2022 08:26

SC desmatou o equivalente a 5 mil campos de futebol em três anos; destruição cresceu 193%

Segundo a pesquisa, a agropecuária e a expansão urbana são os principais fatores para a destruição do bioma no Estado
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Santa Catarina registrou aumento de 193% no número de alertas de desmatamento entre 2019 e 2021, de acordo com o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, divulgado na segunda-feira (18). No período, 3.736 hectares foram perdidos da Mata Atlântica no Estado, o equivalente a mais de 5 mil campos de futebol profissional. 
Conforme o levantamento, em 2019 foram registrados 130 alertas de desmatamento no Estado. Em 2020 o número saltou para 354, e, em 2021, manteve o aumento, com 384 alertas. A pesquisa não inclui dados estaduais da Polícia Militar Ambiental (PMA), Instituto do Meio Ambiente (IMA) ou do Ministério Público (MPSC).
De acordo com o biólogo Emerilson Emerim, especialista em gestão ambiental urbana, a falta de dados de órgãos estaduais pode interferir nas estatísticas, já que, segundo ele, policiais ambientais têm forte atuação no interior de Santa Catarina, onde está concentrada a maior parcela da agropecuária. 
— A pesquisa utiliza dados do Ibama, o que é bom, mas não é suficiente. A Polícia Militar Ambiental é a que mais fiscaliza o interior do Estado, por exemplo — explica.
Segundo Emerim, a tendência de crescimento do desmatamento em SC é preocupante. Isso porque dois dos fatores que influenciam o desmatamento, de acordo com o relatório, são agropecuária e expansão urbana. 
— O maior vilão do desmatamento é a agropecuária. O número é preocupante, porque Santa Catarina é o Estado que mais tem remanescente de Mata Atlântica. De todos os estados brasileiros, SC é o que mais preserva mata atlântica — pontuou o biólogo. 
Entre as ações que ajudam a evitar que esse número aumente, está a fiscalização, citou Emerim. 
— Nenhum tipo de desmatamento é bom, mas, infelizmente, algum tipo de desmatamento é necessário. Para separar o desmatamento ilegal do legal, que permite um crescimento urbano saudável, é necessário maior fiscalização — ressalta.
O biólogo lembrou que, por seis meses, a Polícia Militar Ambiental teve a fiscalização enfraquecida. Isso porque em janeiro passou a valer o novo Código Florestal catarinense, que obrigava que penalidades passassem pelo IMA antes de serem comunicadas aos infratores. A ação tirava da Polícia Ambiental o poder de gerar autos de infração ou embargar — impedir que a atividade degradadora siga. No entanto, em 6 de julho, a medida foi revogada com uma decisão do Tribunal de Justiça, para atender a um pedido de medida cautelar do Ministério Público.
Em todo o Brasil, a Mata Atântica teve 3,4 hectares desmatados por hora em 2021. Entre 2020 e 2021, apesar do número de alertas para desmatamento ter diminuído 24,6%, a área desmatada aumentou em 67,4%. 
Além de SC, o bioma está presente em outros 16 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. 
Na Região Sul, o Paraná registrou maior aumento de desmatamento, com salto expressivo de 619% em três anos. Já o Rio Grande do Sul teve crescimento de 161%. Com isso, SC é o segundo estado da região com maior crescimento de desmatamento.

Recuperação das áreas desmatadas
Além de evitar que a Mata Atlântica de Santa Catarina seja desmatada, o biólogo destaca a importância de recuperar as partes do bioma que já foram eliminadas. Segundo ele, ações de incentivo entre pequenos produtores podem ser alternativa para a preservação.
— Hoje esse pequeno produtor enxerga no desmatamento uma maneira de lucrar mais. Com o pagamento pelos serviços ambientais (PSA), a gente oferece uma indenização para que ele mantenha essa floresta, a gente faz com que a floresta em pé gere lucro para ele — explica.
De acordo com Emerilson, é comum que cidades com maior número de mananciais sejam as fornecedoras de água para outros municípios. Essas cidades não podem aumentar o perímetro urbano, sob o risco de prejudicar o fornecimento de fonte de água. Para o biólogo, assim como para pequenos produtores, uma solução seria "recompensar" esses municípios que abrem mão de um crescimento urbano para preservar o meio ambiente. 

Fonte: DC
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